"Depois a louca sou eu" ou "O relato de uma náufraga"

11/04/2016 11:37 - Vanessa Alencar
Por redação
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Dois assuntos dos quais gosto bastante dominam o que escrevo no blog: política e cultura. Aliás, escrevo sobre qualquer coisa que chame minha atenção – de forma positiva ou negativa - ou que seja, simplesmente, algo inusitado.

Desta vez, o “inusitado” é o livro “Depois a louca sou eu”, da jornalista Tati Bernardi, lançado pela Companhia das Letras. Quis o livro desde que li a primeira crítica sobre ele e não me decepcionei.

Trata-se do “relato de uma náufraga”, parafraseando o maravilhoso romance de Gabriel García Márquez. A diferença é que Tati sobrevive não a um naufrágio literal, mas de alma. Ela sobrevive todos os dias a si mesma, aos medos e a ansiedade que a dominam desde a infância.

Aos trancos e barrancos, é verdade. Mas, ela sobrevive e relata isso com um humor afiado e ágil.

É um livro sobre superação, mas não confundam, em nenhum instante, com auto-ajuda. Ao contrário até: quem se vê nas situações e sentimentos que a autora relata tem a alma incomodamente remexida durante a leitura, num misto de tensão e alívio, ao estilo “que bom! ela é mais louca do que eu”.

 Tati se expõe, arranca as vísceras e as entrega como um banquete para os leitores. Eles reagem primeiro estupefatos com a coragem e crueza para, em seguida, entenderem que é assim: assumindo, reconhecendo e até rindo das nossas fraquezas que conseguimos enfrentá-las e vencê-las (algumas vezes).

“Depois a louca sou eu” é, também, um recado: loucura mesmo é não reconhecer nossos limites.

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