Quando a bancada federal de Alagoas vai aderir às medidas anticorrupção?

19/02/2016 05:57 - Geral
Por redação
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Representantes de um estado que ostenta vergonhosos índices sociais e que tem um quarto de seus prefeitos alagoanos ainda escondendo os gastos públicos da sociedade, deputados federais e senadores de Alagoas ainda não demonstram interesse algum na mobilização nacional pela evolução da legislação que combate a corrupção no Brasil. Diante de uma plateia esvaziada, porém qualificada, o Ministério Público Federal (MPF) lançou a campanha "10 Medidas contra a Corrupção", em 9 de dezembro de 2015, que já coletou quase 1,5 milhão de assinaturas necessárias para formalizar projeto de lei de iniciativa popular para tornar mais dura a atuação da Justiça contra a corrupção.

Desde então, nenhum deputado federal ou senador de Alagoas se empenhou para garantir a tramitação da matéria, que só inicia se atingir 1% de apoio do eleitorado nacional. Se a campanha fosse para coletar assinaturas para a criação de algum novo partido político, talvez o interesse fosse maior. Mas o fato é que, alguns dos eleitos para representar os alagoanos não conhecem sequer uma das medidas anticorrupção.

Ouvido pelo CadaMinuto Press, em reportagem da jornalista Candice Almeida, o procurador-chefe do MPF de Alagoas, Rodrigo Tenório, tem uma visão ponderada sobre o desinteresse dos integrantes da bancada alagoana na campanha. Segundo ele, ainda não é o momento de buscar o apoio dos deputados federais e senadores.

Mas Tenório ressalta que o MPF deve procurar cada um dos congressistas no momento mais oportuno, quando as propostas estiverem devidamente formalizadas, em tramitação no Congresso Nacional. “Esse esforço só vira lei se houver aprovação e a chancela do Congresso Nacional. O contato com os deputados será intensificado”, disse Tenório, ao informar que o MPF ainda não procurou apoio da bancada e confirmar que também não foi procurado pelos desinteressados parlamentares.

O pragmatismo do MPF talvez evite a exposição de eventuais parceiros institucionais. Mas não se pode esperar muito da bancada de um estado que tem como investigados e denunciados no maior escândalo de corrupção do Brasil, todos os senadores (Renan Calheiros, Fernando Collor e Benedito de Lira) e um deputado federal (Arthur Lira).

Este último deputado, inclusive, é lacônico ao falar com a reportagem sobre sua ignorância a respeito do esforço do MPF pelo fortalecimento do combate à corrupção, que ganhou o apoio formalizado em assinaturas de 11 mil alagoanos, a 19ª posição entre estados brasileiros.

Apesar da expectativa frustrada de uma adesão mínima da bancada às 10 Medidas contra a Corrupção, o alagoano precisa exigir que seus representantes no Congresso Nacional entendam que o povo precisa do combate efetivo à corrupção. Com ações simples: tornar mais rápida a tramitação das ações de improbidade e das ações criminais; instituir teste de integridade para agentes públicos; criminalizar o enriquecimento ilícito; aumentar as penas para corrupção de altos valores; responsabilizar partidos políticos e criminalizar a prática do caixa 2; revisar o sistema recursal e as hipóteses de cabimento de habeas corpus; alterar o sistema de prescrição; instituir outras ferramentas para recuperação do dinheiro desviado.

Você confiaria em políticos que rejeitassem um combate implacável à corrupção?

(Também não conhece as propostas do MPF? Acesse www.dezmedidas.mpf.mp.br)

Este editorial está publicado na Edição 119 do jornal CadaMinuto Press, que chega às bancas nesta sexta-feira (19) com os seguintes destaques:

 

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