A Lava Jato iniciou investigando cinco doleiros há cerca de dois anos.
Foi se puxando um fio ali, outro aqui, e hoje, diz o procurador dessa força-tarefa, Antônio Carlos Welter, é praticamente impossível imaginar até onde vão chegar as investigações sobre a corrupção na Petrobras.
Terça-feira, 9, em Nova York, durante um evento na sede da Americas Society/Council of the Americas em Manhattan, Welter detalhou o bê-a-bá da Lava Jato no Brasil:
“A partir destes cinco doleiros, foi se chegando a diretores da Petrobras, a políticos, a empreiteiros. Conseguiu se demonstrar que havia uma organização criminosa, composta por quatro grupos: grandes empreiteiras, funcionários da Petrobras, políticos (parlamentares e membros do governo) e doleiros. Por trás disso tudo estava a Petrobras sendo sangrada, a população brasileira sendo sangrada e também os investidores que compraram ações da Petrobras”.
Segundo Welter, a participação do Banco Central, Receita Federal, Polícia Federal e o apoio da opinião pública têm sido importantes para o êxito das investigações.
A Lava Jato completa dois anos em abril e o escândalo na Petrobras já é considerado o segundo maior caso de corrupção do mundo, segundo pesquisa da ONG Transparência Internacional, divulgada ontem.
A entidade, com sede na Alemanha, é responsável pela campanha “Desmascare os corruptos” e faz relatórios anuais com índices de percepção de corrupção. No último boletim, o Brasil apareceu na posição 76, entre 168 países.
Com 11.900 votos, a corrupção na estatal só fica atrás do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovych, que recebeu 13.210 votos pelo suposto desvio milionário de recursos para sua conta privada. Pela votação, o “petrolão” supera outros sete casos de grande repercussão, como o da Fifa (1.844 votos) com 81 casos de lavagem de dinheiro comprovados, e do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli (10.166), que teria desviado US$ 100 milhões do dinheiro público.
Ao que parece, ainda resta muita linha no novelo do “petrolão”, mas do que foi puxado até agora já sobra lama por demais na cara do Brasil, visivelmente exposta ao mundo.
Além de sangrar a Petrobras, a corrupção tem sangrado, a cada dia, a ética brasileira.
Lamentável.
(Com informações do G1 e IstoÉ)










