Alagoas apresenta um índice de 29,10% em partos realizados em adolescentes entre 10 e 19 anos de idade, 9% a mais do que a média nacional. De acordo com o ranking divulgado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Alagoas se encontra na 3º posição dos estados brasileiros, perdendo apenas para o Pará e Amazonas.
Alagoas possui registro de um pouco mais de 43 mil partos que foram realizados, sendo 12.711 mil entre mulheres adolescentes de 10 a 19 anos. Em todo o país, são registrados 235 mil gestações não planejadas por ano. O custo dessa realidade é de mais de R$ 540 milhões anuais, uma média de R$ 2.293,00 por gestação. Do total de partos realizados no SUS, 20% ocorre em meninas com idades entre 10 e 19 anos, sendo que os estados das regiões Norte e Nordeste apresentam um índice superior à média nacional, que fica em torno de 20%.
A ginecologista e presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Febrasco, Marta Finotti, avalia que essas gravidez indesejadas em adolescentes causam um impacto social e econômico muito grande em todo o país.
“A gravidez entre adolescentes no Brasil é alta e tem repercussões econômicas relevantes para a sociedade, para as jovens e suas famílias. Segundo o departamento de informática do Sistema Único de Saúde, 600 mil partos no país (21,5% do total), são de mães com menos de 20 anos, 75% das adolescentes que têm filhos não estudam e 57,8% não estudam nem trabalham” ressaltou.
A especialista ainda explica que os filhos de mães adolescentes apresentam maior vulnerabilidade social, já que estatisticamente correm mais risco de abandono, violência doméstica e baixo acesso à saúde e à educação. A situação se torna ainda mais complicada, quando aproximadamente 30% das adolescentes engravidam no primeiro ano pós-parto, e entre 25% e 50%, no segundo ano pós-parto, tornando ainda mais difícil a reintegração da mãe à escola e ao mercado de trabalho.
As implicações em saúde são diretas para mães e filhos. Adolescentes têm maior risco de complicações e mortalidade, sendo o parto a principal causa de morte de mulheres jovens entre 15 e 19 anos em países em desenvolvimento. A incidência de mortalidade infantil é, em média, quatro vezes maior, quando comparada à de mães com idade acima de 20 anos.