Jayme Miranda (1926) nasceu quando o prestigio da Revolução Russa multiplicava os partidos comunistas e seus militantes por todo o mundo. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) surgia em 1922 e elegeria seus primeiros representantes em 1928, o operário marmorista Minervino de Oliveira, e o alagoano de Viçosa, Octávio Brandão, ambos pela legenda do Bloco Operário e Camponês (BOC).

A juventude de Jayme encontrou o mundo em guerra e a União Soviética como esperança da humanidade contra a máquina liberticida do nazismo.  

A resistência dos povos da URSS e Exército Vermelho comovia e mobilizava o mundo, quando Jayme se alista nas fileiras dos combatentes da liberdade na sua Alagoas.  

A vitória contra o nazismo muda o panorama político no mundo e no Brasil. Mas no Brasil por pouco tempo. O PCB é logo posto na clandestinidade, exigindo que um grande número de militantes renunciasse à vida legal para prosseguir na militância socialista: Jayme é um deles.  

A direita italiana rearticulou a máfia depois da guerra, mas não pôs o Partido Comunista na ilegalidade. De Gaulle procurou restringir a atuação do Partido Comunista Francês (PCF), mas não impediu sua ação legal. O obscurantismo e o caráter antinacional das elites brasileiras no pós-guerra baniram a energia patriótica e transformadora do PCB e de seus aliados do cenário nacional, com graves prejuízos para os interesses do País e do povo brasileiro.

O imperialismo e suas forças auxiliares promoveram o Golpe de 1964. A caçada aos que resistiram aos golpistas alcançava Jayme Miranda em 1975 no Rio de Janeiro.  No breve perfil de Jayme que escrevi para o jornal Movimento no final dos anos 70, havia a versão de que teria sido tiroteado em Pilares, Rio de Janeiro, e seu corpo em seguida jogado ao mar.  

O ensaio biográfico de Geraldo Majella tem a virtude de cultivar sua memória, memória das lutas do povo alagoano, memória da luta do povo brasileiro.

Brasília, 1º de fevereiro de 2014.

Aldo Rebelo, ministro da Defesa