Nas mãos dos políticos estamos ferrados

14/09/2015 10:06 - Voney Malta
Por Voney Malta

Enquanto em Alagoas os prefeitos decidiram cerrar as portas das prefeituras por cinco dias em protesto pela queda no repasse do FPM, na Bahia os gestores de Camaçari, Bom Jesus da Lapa, Mundo Novo e de Lauro de Freitas cortaram os seus próprios salários e de seus colaboradores para garantir a manutenção dos serviços essenciais. Algo que Rui Palmeira (PSDB), prefeito de Maceió, fez no ano passado e pode repetir a dose.

O autor da ideia em Alagoas foi o prefeito de Pão de Açúcar, Jorge Dantas (PSDB). Sugestão dele era fechar tudo, até hospitais, no que foi rechaçado. Dantas é o mesmo que está sendo cobrado por vereadores pelo excessivo gasto de combustíveis e na locação de veículos.

Não sejamos inocentes de acreditar que os prefeitos são levados por boas intenções. Aumenta o dinheiro e os serviços públicos permanecem uma porcaria, na maioria dos casos. Ou seja, olham para os seus próprios interesses que é o “faz me rir”, o din-din.

Se ficarmos nas mãos dessa turma estamos ferrados, isso no plano local e nacional. Pra termos uma noção da gravidade e do nível dos nossos representantes, à frente pró-impeachment da Dilma tem alguns dos seus ferrenhos defensores enrolados até os intestinos.

Paulinho da Força, deputado federal do Solidariedade, é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de ter se beneficiado de um esquema de desvios de recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Alberto Fraga, do DEM, responderá no STF por ter recebido propina quando secretário dos Transportes no Distrito Federal em troca de contratos com cooperativas do setor.

E mais: enquanto o Brasil patina numa crise política e econômica, os prefeitos e governadores, enfim, a classe política, não quer atentar para projetos bombas que tramitam no congresso. São 19 que geram aumento de despesas e perda de receita, algo em torno de mais de R$ 283 bilhões nos próximos cinco anos, suficiente para cumprir a meta fiscal do PIB do ano que vem e por mais sete anos.

E ainda falam, os políticos, no impeachment da presidente, um procedimento que tem muito mais encaminhamento político do que jurídico. Um desrespeito aos eleitores que optaram pela continuidade da atual administração. O voto tem que ser respeitado, mesmo quando o eleitor se arrepende da opção feita.

Caso não seja encontrada qualquer vinculação direta entre a presidente e o esquema da Petrobras, apenas uma insatisfação política não pode ser o motor de um impeachment. Caberá ao todo poderoso, o eleitor, julgar Dilma e o PT em 2018, nunca os políticos pela forma que pretendem construir, pelo menos enquanto não for comprovada a participação no esquema revelado na operação Lava Jato.

Isso é democracia.

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