Lava-Jato e as Mãos Limpas

05/08/2015 15:43 - Geraldo de Majella
Por redação

No Brasil como na Itália, a corrupção foi institucionalizada. Disso, creio que não haja qualquer sombra de dúvida. E também não há dúvida de que as mudanças no cenário político nacional têm sido percebidas como um sinal de mudança qualitativa no Brasil. Os moradores dos andares de cima nunca foram incomodados pela ação do Estado; agora, para surpresa geral, estão tendo de se explicar diante da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

        O andar de cima da sociedade brasileira é constituído pelos megaempresários e diretores de empresas privadas, por dirigentes de grandes empresas estatal, no caso específico da Petrobras, a maior empresa do Brasil e uma das grandes no ramo petrolífero no mundo. E os políticos com mandatos, ex-parlamentares, ministros e ex-ministros de Estado e do Tribunal de Contas da União. E um séquito de operadores de níveis variados.

O modo de olhar por sobre os ombros, como quem diz: “não vai dar em nada”. Esse modo conformado de encarar a vida nacional tinha realmente prevalecido diante de mudanças quase imperceptíveis ocorridas.

A primeira mudança é que o Brasil completou trinta anos de normalidade democrática. Nesse período, largo para uma história pontilhada de quarteladas e golpes militares, nada de anormal ocorreu. As instituições funcionaram sem sustos de fantasmas oriundos das casernas. Esse é um ganho “nunca antes visto na história desse país”.

A segunda mudança vem ocorrendo num ritmo relativamente lento, mas constante. É a renovação de áreas do Estado brasileiro, como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União, órgãos vitais na modernização do Estado brasileiro. Esses e outros órgãos foram fortalecidos e/ou criados durante o regime democrático, ou seja, a partir de 1985.

A operação Mãos Limpas na Itália teve como saldo a investigação de 6.059 pessoas, dentre elas 872 empresários, 1.978 administradores e 438 parlamentares, dos quais quatro haviam sido primeiros-ministros.

A Lava-Jato está longe do fim. Os números relativos aos investigados correm em segredo de justiça e são parciais, mas o resultado político e econômico é alvissareiro. É possível manter-se esperançoso no Brasil, e tão importante quanto o aprofundamento de operações de combate à corrupção é o brasileiro permanecer vigilante e jamais desacreditar na democracia.

A opinião pública, na democracia, é quem controla os agentes estatais e as empresas privadas. As mudanças qualitativas por que o Brasil está passando necessitam de aprofundamento. 

O Brasil esta mudando, o Brasil precisa continuar no caminho das mudanças.

 

  

 

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