Cunha, o temido, também ameaça o governo Dilma

31/07/2015 08:54 - Geral
Por Eliane Aquino
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A quem Eduardo Cunha mete medo?

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro, pode ter culpa no cartório pela decisão da advogada Beatriz Catta Preta, defensora de nove delatores da Lava Jato, operação que investiga corrupção na Petrobras, abandonar não só esse caso, mas a própria advocacia.

Segundo Beatriz, ela e sua família se sentem ameaçadas.

A advogada não cita nomes, mas garante que as ameaças vêm de ‘forma velada, cifrada’, através de membros da CPI da Petrobras, que a convocaram a falar sobre os honorários que recebeu de seus clientes nesse caso.

E diz que a intimidação aumentou depois que o consultor Júlio Camargo, um de seus clientes, relatou um encontro com Eduardo Cunha em 2011, em que o parlamentar lhe pediu US$ 5 milhões em propinas.

Cunha nega a acusação, é óbvio.

Júlio diz que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Do total do suborno, Cunha teria dito ao consultor que era "merecedor" de US$ 5 milhões.

Relatou o consultor:

“Tivemos um encontro. Deputado Eduardo Cunha, Fernando Soares e eu. Deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões. E que isso estava atrapalhando, que ele estava em véspera de campanha, se não me engano, era uma campanha municipal... e que ele tinha uma série de compromissos e que eu vinha alongando esse pagamento há bastante tempo e que ele não tinha mais condições de aguardar".

O delator acrescentou que Cunha tinha pressa pela propina:

“O deputado Cunha não aceitou que eu pagasse somente a parte dele. 'Olha, Júlio, eu não aceito que você faça uma negociação para pagar só a minha parte. Você até pode pagar o Fernando mais dilatado, mas o meu preciso rapidamente. Eu faço questão de você incluir no acordo aquilo que falta pagar ao Fernando'. E aí chegou um SMS: 'Entre US$ 8 milhões a US$ 10 milhões', uma coisa assim”.

Beatriz revela que Júlio Camargo teme a fúria de Cunha e que, por isso, em seus primeiros depoimentos, ‘poupou ‘ o parlamentar.

Preso, o consultor que delatou Cunha está com medo.

Convocada a depor à CPI da Petrobras, Beatriz Catta, que já fechou seu escritório e anunciou o fim de sua carreira profissional, também receia pela sua segurança.

Já Eduardo Cunha, o temido, continua a presidir a Câmara dos Deputados, como se nada disso atingisse a ele ou ao parlamento brasileiro.

Outrossim, Cunha agora também ameaça o governo Dilma.

 Virou oposição e já anunciou a colocação em pauta de matérias contrárias ao Palácio do Planalto.

Enquanto isso, aguarda-se o rodo da Lava Jato antes que o país exploda em lama.

 

 

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