A Violência na Escola

02/07/2015 12:02 - Geraldo de Majella
Por redação

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A violência tem se manifestado de forma crescente e variada na sociedade brasileira. Em algumas regiões, como as metropolitanas, que são densamente habitadas, as ações ligadas ao consumo e tráfico de drogas têm causado transtornos à população de um modo geral. Sejam moradores das favelas, da classe média ou da elite, o fato real é que ninguém, hoje em dia, está imune aos efeitos danosos da violência.

        A escola, por definição, é um espaço aberto e democrático, mas tem sido nas últimas décadas, palco de ações violentas. Deixou de ser incomum atos isolados de rebeldia e até mesmo de violência praticada por alunos, que a despeito de algum tipo de problema emocional ou pequenos desentendimentos ocasionais, eram resolvidos através do dialogo na sala do coordenador(a) pedagógico ou, em casos mais graves, na direção. Felizmente, porém, tais ocorrências não chegavam a afetar o cotidiano da escola ou colocar em risco a segurança coletiva da unidade de ensino.

        Esse território, a escola pública ou privada, instituído legalmente e respeitado por todos por ser área destinada exclusivamente ao saber e à formação intelectual, moral e ética dos alunos tem se tornado, notadamente, nos centros urbanos mais adensados do Brasil, em localidades de grande risco, inclusive de vida.

        Diante da crescente violência na escola enquanto espaço físico, os alunos, professores e funcionários têm se tornado presas fáceis dos traficantes, sejam “varejistas” que vendem, consomem e convivem, muitas vezes, como aluno e/ou com os alunos no mesmo ambiente, fazendo desse  espaço e do entorno,  ponto de comercialização de drogas, atraindo com essa relação todas as mazelas originadas pelas disputas do comércio de drogas junto às crianças e adolescentes.

        As constatações de que tem aumentado o número das manifestações de violência na sociedade, seja no trânsito, nos lares, nos esportes ou nas escolas é evidente, mas resta saber o que os educadores podem fazer para tentar estancar essa “hemorragia” que não pára de sangrar. Claro que não será a escola isoladamente que vai reverter esse quadro geral de expansão da violência. No entanto algumas perguntas devem ser feitas, diante desse grave problema. Tem sido discutido nas salas de aulas e nas reuniões de professores uma saída para tão sufocante questão? Ou isso é um problema da polícia?

        O comum e usual no ambiente escolar é rapidamente deslocar a discussão colocando como uma questão onde a responsabilidade é da polícia pura e simplesmente. Assim, criminalizando o problema, talvez se encontre uma solução duradoura e quem sabe segura para todos: escola, alunos, funcionários e família.

        A complexidade da questão é a chave do problema. Se fosse de fácil resolução a policia já teria resolvido. Mas essa questão é bem mais complexa do que se imagina, devendo envolver outros atores na discussão. Chegando-se a um ponto de convergência, principalmente, entre os formuladores de política de segurança: que só a atuação da polícia não resolve o problema.

        Há uma necessidade de se realizar estudos aprofundados e integrados, pois quem está na ponta do sistema, nesse caso em particular, são os profissionais da educação, que não têm experiência e nem formação específica para tratar da questão como especialistas. Para tanto, a multidisciplinariedade, a parceria com Organizações Não Governamentais e a rápida integração da escola com a comunidade, poderão ser saídas pontuais para o problema da insegurança na escola.

Com essa constatação, o distanciamento que há entre escola e comunidade, se torna um dos problemas centrais na relação de poder interno na escola. E nesse caso cabem dois questionamentos: se a violência está no interior da escola e também no seu entorno, ou seja, na comunidade, por que atrair essa população “violenta” para a escola? E, como a escola vai se relacionar com essa gente? Penso que estes são elementos chaves para o problema.

        Exigir da escola que mude sua forma de agir, já tradicional e secular é algo difícil, mas perfeitamente possível. Porém deve ser em sintonia e aberta ao novo, que é o seu envolvimento no enfrentamento do problema da violência, e portanto na falta de segurança no seu cotidiano. Esse tipo de questão jamais foi pensada, pelo menos nessa magnitude e urgência. É chegada a hora.

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