Governo de Alagoas e CUT perderam fé no socorro esperado de Dilma

11/06/2015 10:57 - Geral
Por Davi Soares
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No dia decisivo em que apresentou uma desanimadora proposta, parcelada, de 4% de reposição para os defasados salários dos servidores estaduais, o governador Renan Filho (PMDB) sinalizou que Alagoas vive riscos de não pagar salários, caso avance na concessão das reivindicações das categorias. A estratégia de sensibilização, iniciada com a publicação de um artigo do secretário da Fazenda, George Santoro, na manhã desta quarta-feira (10), não surtiu efeito algum. E todo o discurso e a movimentação de negociações reforçou com ainda mais clareza a falta de confiança da gestão peemedebista na parceria com a presidente Dilma Rousseff, de quem esperavam algum socorro ao militar pela sua reeleição, em 2014.

O cenário narrado pelo governador Renan Filho, em entrevista à imprensa, era o contrário do que ele e Dilma pregavam no segundo turno das eleições do ano passado, que negava as previsões “pessimistas” do adversário Aécio Neves (PSDB).

“O que eu posso dizer e o que todo mundo sabe é que o ano é muito duro, de pouco recurso, de retração econômica, de PIB caindo, de custo crescendo, de energia alta, de inflação alta... O servidor também sente isso, mas nós temos que articular uma proposta que o Estado possa honrar, cumprir. Nós temos alguns aumentos contratados, como o da Polícia Militar. E eu dizia a eles, lá em janeiro, no começo do ano: ‘Olha, o que eu acertar com vocês, vou cumprir. Não vou acertar aumento para depois não cumprir. E, para cumprir, a gente precisa ser verdadeiro, apresentar os números e a proposta que verdadeiramente o Estado tenha caixa para honrar”, antecipou-se Renan Filho.

A proposta apresentada na noite de ontem foi considerada “vergonhosa” pelos servidores, por dividir o percentual da seguinte forma: “1% para maio, 2% para outubro e 1% em dezembro”. Mas Renan Filho já adiantava pela manhã a gravidade do quadro, ao compará-lo com a situação do Paraná, onde a polêmica greve da educação terminou com aumento de 3% para ser pago em outubro.

“A situação do país é muito difícil e Alagoas não pode viver o risco de não pagar o salário. Porque isso é verdadeiro”, lamentou Renan Filho, que também atribui a crise à herança do governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Em seu artigo o secretário George Santoro fez um discurso elogioso aos servidores, reconhecendo sua importância para o serviço público, condenou a atitude do governo anterior de “empurrar com a barriga” os problemas de Alagoas. O gestor carioca ainda ressaltou que o Brasil vive a pior crise econômica dos últimos 27 anos e pintou o cenário aterrorizador:

“Projeções indicam que o PIB deste ano deverá cair pelo menos 2%. O desemprego assombra. O governo federal deixou claro que não socorrerá Estados e Municípios”, assombrou Santoro, ao pedir tempo e parceria aos servidores para construir uma “via sustentável” para os reajustes anuais.

A CUT, cujos dirigentes petistas reforçaram com entusiasmo o único ato de campanha Dilma em Alagoas, ao lado de Renan Filho, há oito meses, já avisou, por meio de sua presidente, Rilda Maris: “Foi colocado um cenário de dificuldades, mas nós não podemos pagar por isso”.

Das bandas do governo federal, nos resta o consolo importante de ter garantido a Renan Filho “regime especial” para a conclusão do trecho 3 da obra do Canal do Sertão (do km 63 ao km 105) e sua adutora. Mas é importante lembrar que nenhuma ajuda dos dois governo chegou em 2015 aos municípios que decretaram emergência por conta da seca.

Mas o tom de revolta e desamparo de gestores e servidores traz a lembrança do velho provérbio: “Em casa onde falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”.

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