Quem ainda se lembra da passagem da seleção de Gana pela capital alagoana, durante a Copa do Mundo de 2014? Mesmo sem sediar jogos do segundo mundial realizado no Brasil, Maceió sentiu, mesmo que por pouco tempo, o clima de Copa que se espalhou por todo país. Após o fracasso da seleção brasileira na competição, a FIFA “presenteou” os 15 Estados que não foram sedes, entre eles Alagoas, com o chamado legado da Copa do Mundo. Um investimento de US$ 100 milhões, cerca de R$ 260 milhões, na construção de centros de treinamento (CTs) e incentivo ao futebol feminino, base e projetos de saúde e sociais. No entanto, o projeto não saiu do papel em Alagoas. E o principal representante do projeto no Estado, o vice-presidente da Confederação Brasileira de Fudebol (CBF), Gustavo Dantas Feijó, esconde os motivos do atraso.
Durante visita ao Brasil do secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, ainda em janeiro, a entidade que hoje vive um escândalo internacional de corrupção informou à imprensa que o trabalho para construção do CT de Alagoas já havia sido iniciado. Mas nunca houve obra alguma realizada pela FIFA.
Agora, com a crise instalada na entidade máxima do futebol mundial investigada pelo FBI, o aporte financeiro que incentivaria o esporte local pode ser inviabilizado, apesar da influente posição política do alagoano Gustavo Feijó, aliado político do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, preso na Suíça em 27 de maio; e do atual presidente da CBF, Marco Polo del Nero, que já estaria preparando a renúncia, como fez o presidente reeleito da FIFA, Joseph Blatter, na última semana, por conta do escândalo.
Para bancar tal projeto, a FIFA utilizaria o chamado “fundo de legado da Copa do Mundo”, como compensação para os altos investimentos públicos feitos por estados e pela União no evento que rendeu altíssimos lucros para a entidade. Parte desses lucros com o mundial seria distribuída da seguinte forma: 60% para construção de centros de treinamento, 15% para futebol de base, 15% para futebol feminino, 4% para projetos de saúde pública, 4% para projetos sociais e 2% para custos de administração e logística.
Alagoas teria R$ 10,4 milhões para obra do CT
Como seria de US$ 60 milhões o montante a ser dividido entre os 15 estados para a construção dos CTs, o valor total convertido com base na cotação do dólar da época seria de R$ 156 milhões. Se fosse dividido proporcionalmente, Alagoas teria direito a, pelo menos, R$ 10,4 milhões para tocar as obras de um baita centro de treinamento. Mas nem isso foi confirmado pelo cartola alagoano da CBF.
O anúncio, feito em janeiro deste ano, vendeu a ideia de início imediato das obras. Inclusive, no dia do anúncio oficial, feito pelo secretário-geral da FIFA, em São Paulo, informações foram repassadas e, numa reportagem do “Jornal Nacional” da Rede Globo de Televisão, afirmou que as obras já haviam sido iniciadas em Alagoas, Sergipe, Tocantins, Rondônia, Pará e Piauí. E nenhuma daquelas informações da reportagem veiculada havia sido contestada pelos dirigentes da FIFA.
Porém, a única obra que havia sido inaugurada, parcialmente, foi o projeto Centro Esportivo da Juventude, próximo ao Estádio Olímpico de Belém do Pará. No local, quando estiver completo, terá dois campos de grama artificial e um gramado natural, vestiários e salas de aula.
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