Minhas Alagoas São Outras II

03/06/2015 19:29 - Geraldo de Majella
Por redação

 

Marechal Deodoro surge em 1611, quando foi construída uma casa assobradada, sendo batizada como Madalena do Sumaúma. Muda várias vezes de nome nos três séculos seguintes: passa de Madalena do Sumaúma para Santa Maria Madalena da Alagoas do Sul, Alagoas do Sul e, mais tarde, simplesmente Alagoas, quando se torna, em 1817, capital da Província por ato régio de D. João VI, rei de Portugal, e finalmente Marechal Deodoro, homenagem prestada em 1939 pelo governo de Alagoas ao proclamador da República.   

Em 1633 sofreu com a invasão holandesa: canaviais, casas e a primitiva igreja matriz, nada foi poupado do incêndio batavo.

O patrimônio arquitetônico e histórico é a herança deixada do período colonial. O desafio para a atual geração e as futuras é manter e preservar esse bem cultural de valor inestimável.

O conjunto de imóveis restaurados e em condições de receber visitas é considerável, a começar pela igreja Santa Maria Madalena e pelo convento de São Francisco, a igreja da Ordem Terceira de São Francisco, as igrejas Senhor do Bonfim, de Nossa Senhora do Amparo e a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, além do convento e da igreja do Carmo, o Palácio Provincial, a Cadeia e a Casa de Câmara.

O casario, nem sempre conservado, é um cenário cinematográfico e pode transportar o morador e o visitante ao período colonial da história brasileira. E as ruas estreitas remetem aos nossos ancestrais, escravos, índios, soldados e senhores de engenhos, gente que construiu Alagoas, com trabalho, suor e lágrimas.

A marca registrada da cidade é a música e as suas festas sagradas e profanas realizadas em todos os povoados.

O Festival de Verão tornou-se uma referência como evento cultural na década de setenta para os alagoanos. Nas várias edições do festival apresentaram-se artistas como o cantor Luiz Gonzaga, a cantora Maria Alcina, os Quintetos Violado e Armorial, este uma inspiração do escritor Ariano Suassuna, a dupla Toquinho e Vinicius de Moraes, entre outros.

A realização dos festivais foi um gesto ousado diante das dificuldades impostas pela ditadura civil-militar, que exercia controle sobre as pessoas e os eventos, desde a política e as manifestações artísticas até o comportamento da juventude.   

Os órgãos de informação, como a Delegacia de Ordem Politica e Social – Dops, em Alagoas, geraram prontuários onde eram relatadas as atitudes e o comportamento dos jovens “transgressores da ordem”, na ótica do regime, com cabelos e barbas longas, gestos livres de viver e encarar a vida, e até mesmo consumir maconha, a droga ilícita mais usada naqueles tempos.

Em 1979, na praia do Francês, os banhistas, a maioria jovens, ouviram pela primeira vez um trio elétrico: o Trio Elétrico Tapajós. Até hoje essa geringonça continua alegrando o povo.

Andar pelas ruas de Marechal Deodoro é prazeroso, tanto quanto saber que aquela terra nos deu bons artistas e intelectuais, como o político e escritor Aureliano Candido Tavares Bastos, o artista plástico Rosalvo Ribeiro, o jornalista e escritor Aylton Quintiliano, a poeta e escritora Arriete Vilela, e o músico Nelson da Rabeca, que embora haja nascido em Boca da Mata (AL), foi em Marechal Deodoro que se projetou para o Brasil.

A Festa Literária de Marechal Deodoro (Flimar) é, depois da Bienal do Livro de Alagoas, o mais importante evento cultural do estado. A literatura e as artes dão as mãos durante três dias de intenso convívio entre escritores e leitores, no salão, nas ruas da cidade e na praia do Francês.

Salve Marechal Deodoro!     

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