Alagoas é o modelo do fracasso histórico na educação

20/05/2015 12:36 - Geraldo de Majella
Por redação

 

O jornalista e empresário Arnon de Mello, ao ser lançado candidato ao governo de Alagoas, em agosto de 1950, disse: “em matéria de educação, estamos em penúltimo lugar nas estatísticas, com 77,9% de analfabetos, achando-se depois de nós o Piauí, com 78,4%”.

Passados 65 anos, Alagoas mantém-se alternando nas últimas posições no ranking dos estados com maiores índices de analfabetismo. Houve, no período, uma redução significativa; mesmo assim a taxa de analfabetismo de Alagoas continua a mais alta do país, 19,66%. O Maranhão aparece na sequência, com 18,76% da população com mais de 10 anos analfabeta. 

 “Alagoas e Maranhão também possuem altos índices de analfabetos entre outras faixas etárias. Alagoas lidera as piores estatísticas do analfabetismo entre as faixas etárias de 18 e 19 anos (5,93%, sendo a média nacional de 1,48%), de 25 a 29 anos (9,85%, diante da média nacional de 2,76%), de 30 a 39 anos (20%) e de 40 a 49 anos (26,82%). A pior taxa entre os jovens de 20 a 24 anos é do Maranhão (4,77%), que também lidera a de 50 a 59 anos (34,7%)”.

As explicações são muitas e são emitidas pelos governantes de acordo com a ocasião. Mas o fato é real e quase imutável.

O desmonte do Estado tem início no governo de Fernando Collor e continua com Geraldo Bulhões, quando a crise financeira e administrativa se aprofunda com o atraso dos salários dos funcionários públicos, e tem o desaguadouro fatídico nas gestões de Divaldo Suruagy e Manoel Gomes de Barros.

Nos últimos 25 anos a educação em Alagoas mergulhou no caos. Para a origem da quebradeira do Estado pode ser estabelecido como um marco histórico o dia 17 de julho de 1997, quando o então governador Divaldo Suruagy, depois de atrasar ainda mais os salários do funcionalismo público, chegando a dez meses de atraso, viu-se na contingência de renunciar ao mandato, diante das mobilizações dos funcionários.

A gestão da educação em Alagoas é fundada no improviso, no clientelismo e no patrimonialismo. O modelo em vigência é o símbolo e uma das causas da crise.

Os governadores Ronaldo Lessa e Teotônio Vilela foram eleitos e reeleitos, somando 16 anos, ou seja, 192 meses. O governador Renan Filho assumiu há cinco meses, a soma é de 197 meses. E o estarrecedor é que, nesse período, assumiram a secretaria de estado da educação nada menos que 14 secretários. A média de permanência no cargo é de 1,4 ano.

Esse método de gestão é marcado pela corrupção, baixa estima dos professores e funcionários e pela falta de um programa pedagógico estratégico que una a sociedade e os trabalhadores em torno da educação pública de qualidade.     

 A mudança efetiva da educação só poderá acontecer a partir de transformações na gestão, na formação continuada dos professores e na valorização do servidor público. A gestão da educação mantida por métodos arcaicos não serve para erradicar a chaga do analfabetismo e não será terreno fértil de revolução alguma.

Gostaria de estar completamente errado e que Alagoas superasse as suas dificuldades administrativas e os gestores públicos fossem tomados de súbito pela consciência da importância da educação pública, área mais importante e mãe de todas as outras, caminho da superação do atraso secular e meio de o povo pobre superar a pobreza e erradicar a miséria.  

 

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