A primeira diminuição da vazão das águas do Rio São Francisco efetuada pelo setor elétrico já gerou prejuízos milionários à Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) desde 2013 quando a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) reduziu a vazão de 1.300 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 1.100 m³/s.

Esse ano, uma nova diminuição da liberação da água nas hidrelétricas poderá impactar muito no setor pesqueiro alagoano. A Agência Nacional de Águas (ANA) liberou a Chesf a reduzir de 1.100 m³/s para 1.000 m³/s desde abril devido ao nível crítico de volume de água no lago de Sobradinho, na Bahia.

O problema que quem sofrerá com essas consequências, apontadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), será os municípios situados no baixo São Francisco nos Estados de Alagoas e Sergipe. A Federação de Pescadores de Alagoas ingressou com uma ação no Ministério Público Federal (MPF) para tentar cancelar a autorização da ANA e garantir retorno da vazão.

Maria Eliane, representante da Federação, garante que os prejuízos são imensos para os pescadores, uma vez que determinadas espécies de peixes não conseguem concluir o processo de produção com pouca água. “Tem determinados trechos do Rio São Francisco que antes era possível atravessar de banco, hoje as pessoas estão fazendo isso a pé, o que já mostra a situação que o rio se encontra”, destacou Eliane.

Para reduzir a vazão, a Agência Nacional de Águas aguardava um posicionamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) que, apesar da liberação, ressaltou para a salinização da água na proximidade com a foz, no município de Piaçabuçu.

O avanço da salinidade da água já ocasionou aos pescadores encontrar peixe de água salgada no Rio São Francisco. Segundo Eliane, os prejuízos são enormes, principalmente pelo período de seca a qual todo país passa. “Nós precisamos que a vazão volte ao normal para que os peixes possam reproduzir. Se a vazão diminuir para 900 metros cúbicos por segundo isso será o caos para nós pescadores”, completou ela.

A representante da Federação dos Pescadores relata que os prejuízos ainda estão sendo coletados e serão calculados para identificar realmente o impacto. 

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