O pedido de afastamento da ex-prefeita de Piranhas, Mellina Freitas, da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), formalizado pelo Ministério Público Estadual (MPE/AL), na última quinta-feira (19), reforçou os argumentos do Movimento Cultural Alagoano (MOVA). Ao CadaMinuto, o Movimento afirmou que a “iniciativa do Ministério Público é um estímulo para nossa batalha”.

A promotoria do município de Piranhas entendeu que Mellina não apresenta condições necessárias ao exercício da pasta diante dos processos que responde na Justiça, além de denunciá-la novamente por improbidade administrativa. O Movimento classificou como “escandalosamente imoral” a manobra utilizada para conceder o foro privilegiado à ex-prefeita com a nomeação para a Secult.

“Como é de conhecimento de todos, Mellina Freitas, ao assumir a pasta da cultura, recebeu foro privilegiado, e o processo que corria contra ela no MP foi transferido para o Tribunal de Justiça de Alagoas, que é presidido pelo seu pai, o desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas. Tal manobra, apesar de legal, é escandalosamente imoral, sinalizando para um desfecho de impunidade”, colocou o movimento.

Assim que o nome de Mellina foi anunciado como a nova gestora da Secult, os movimentos culturais alagoanos iniciaram uma mobilização destacando a escolha do governador Renan Filho como "retrocesso" e "paradoxo ético" a indicação. Uma campanha foi iniciada, no entanto, o governador disse estar aberto ao diálogo com os movimentos, mas não “abriria mão” de Mellina em sua equipe de governo.

A carta aberta assinada por mais de 100 grupos culturais nunca foi entregue a Renan Filho, que mesmo tendo garantido receber os grupos culturais, também nunca agendou o diálogo, desde janeiro. “Temos esbarrado na resistência do governo sem sequer receber os representantes do grupo. Mesmo que ele tinha dito diversas vezes para a imprensa que nos receberia, a realidade é outra”, expôs o Mova.

 “Além da afronta que foi a escolha do nome de Mellina Freitas, a maneira como a pasta da cultura tem sido conduzida nos preocupa. Renan Filho tem sucateado os equipamentos culturais, diminuindo os orçamentos e número de funcionários, e até extinguido cargos de direção. Os recursos já eram insuficientes, e agora a situação é de abandono”, avaliou o movimento ao ser questionado sobre o tempo de gestão da ex-prefeita.