A crise, Renan e o vazio político no Nordeste

19/03/2015 10:38 - Voney Malta
Por Voney Malta

As dificuldades econômicas atuais, somadas as tensões políticas no Congresso Nacional, poderiam significar oportunidade de surgimento de alguma nova liderança, especialmente após as eleições do ano passado. Mas não é o que vem ocorrendo.

O término dos mandatos dos ex-governadores Jaques Wagner, da Bahia, Cid Gomes, do Ceará, e a trágica morte do ex-presidenciável e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deixaram um vácuo imenso de lideranças no exercício do mandato no Nordeste.

A crise política deixou os atuais governadores silenciosos. Antes de assumirem os mandatos fizeram algumas reuniões para construir pautas de interesse comum. Uma delas seria recriar a CPMF com os recursos sendo exclusivos para a saúde, uma linha de crédito para o primeiro semestre de 2015, chamada de Proinveste Nordeste, para investimentos em infraestrutura, entre outras demandas.

Uma das vozes mais ativas na defesa dessa pauta foi a do governador Renan Filho (PMDB-AL). Mas também se aquietou. Ele sabe que tudo o que disser sobre o quadro político ou defender, caso da CPMF, pode ser interpretado como se estivesse falando em nome do seu pai, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros.

Assim, o momento é de recuo político para alguns. Para outros, é de conversa no bastidor, como deve ter ocorridoentre Renan Filho e o governador pernambucano Paulo Câmara (PSB), ontem (18). Ou alguém continua acreditando que ele veio a Alagoas apenas para ver como administramos presídios, quando poderia encaminhar apenas técnicos da área?

Agora, caso os governadores fiquem aguardando o esfriamento dessa crise, podem perder uma bela oportunidade em início de mandato. Aliás, nada impede que pautas de interesses de toda uma região sejam colocadas em discussão.

Questões como a dívida dos estados, votação do mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) 4917, que permite que a Lei dos Royalties do Petróleo entre em vigor, a própria CPMF, por exemplo, precisam entrar na atual pauta da política nacional.

Uma chance para Renan Filho ocupar a liderança entre os governadores nordestinos e iniciar a solidificação do seu nome, mesmo com a poderosa sombra do pai.

Política é ocupar espaço, ainda mais quando há um imenso vácuo.

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