Querem acabar com o carnaval de Maceió

12/02/2015 14:38 - Geraldo de Majella
Por redação

 

“ Você diz que o carnaval é uma besteira

Que prefere descansar até quarta-feira

Não quer saber do frevo nem por brincadeira

Você não quer meu bem, mas tem quem queira

Você não quer meu bem, mas tem quem queira”.

(Edécio Lopes e Marcos de Farias Costa)

 

            O carnaval é a principal festa popular do Brasil há mais de um século em todas as cidades, por maior que seja a crise econômica. O povo, com uma alegria contagiante, se fantasia e vai às ruas sambar e dançar o frevo. Esses dois gêneros são os que mais atraem as massas, mas há outros que as animam em todas as regiões do país.

            As festas em todos os lugares do mundo são caminhos certos de atração de renda, de riquezas, além, óbvio, de prazer e alegria. Com o carnaval não é diferente. Mas parece que em Maceió estão – e não é de hoje, faz já bastante tempo − querendo cristalizar uma mentira: a de que a cidade durante o carnaval é um balneário e, portanto, um refúgio para os que não gostam ou não desejam se divertir no carnaval.

             Essa posição vai de encontro à dinâmica econômica e social do restante do Brasil. Os apelos publicitários têm sido veiculados cada vez mais pelas agências de turismo, pelos governos e pelos empresários das cidades e estados onde o carnaval atrai milhões de pessoas (consumidores). Em Alagoas há um movimento em sentido contrário: empresários da hotelaria e até, pasmem, secretários de turismo de Maceió e do estado, em coro dizem o mesmo: “Maceió é um destino consolidado para o turista descansar no carnaval”.

As prévias carnavalescas vêm crescendo a cada ano. Antes, na cidade tínhamos os famosos banhos de mar à fantasia, sempre no domingo que antecedia o sábado de carnaval. Blocos animando milhares de foliões que, frevando no asfalto da avenida da Paz e na areia branca da praia, se esbaldavam. O poder público apoiava, mas era a espontaneidade do povo que alegrava e abria triunfalmente o carnaval de Maceió.

A Liga dos Blocos, entidade presidida pelo jornalista Edberto Ticianeli, mantém a extraordinária façanha de organizar o Jaraguá Folia com 170 blocos, desfilando pelas ruas do bairro de Jaraguá. Esse trabalho é pouco valorizado, quando não incompreendido pelo poder público, tanto o municipal como o estadual.  

A racionalidade econômica diz que os empresários deveriam ser os principais interessados na oportunidade de geração de empregos diretos e temporários. Os hoteleiros podem ampliar ainda mais os seus negócios, assim como os distribuidores de bebidas e refrigerantes, água mineral, sucos, os varejistas de um modo geral, os supermercados, o setor de transporte e os taxistas etc. 

            O antropólogo Edson Bezerra, irresignado com a atitude passiva do poder público diante do lobby, que não oferece as condições básicas para que haja carnaval de rua em Maceió, disse: “Por trás da não existência do Carnaval de Rua, o trade turístico está ainda mais apartando a cidade de uma grande alegria”. E concluiu: “o jornalista Ticianeli, pelo trabalho desenvolvido através da Liga dos Blocos, merece uma estátua em praça pública”. Com o que eu concordo e assino em baixo.

            A luta pela ressureição do Carnaval de Rua em Maceió terá de partir da sensibilização dos empresários do comércio e da indústria alagoana. Esse papel pode e deve ser deflagrado pelo presidente da Liga dos Blocos e por intelectuais e membros e dirigentes de Escolas de Samba de Maceió.

O capitalismo prima pela geração de riqueza e pela obtenção de lucros, mas em Alagoas esse princípio é esquecido completamente, pois em determinados setores da economia alagoana essa possibilidade é desdenhada. Ao contrário de Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia e agora São Paulo, que têm se superado na organização do Carnaval de Rua. São Paulo é o principal polo industrial do carnaval brasileiro e em breve será também um polo importante de Carnaval de Rua.

 

Evoé.

 

 

 

 

 

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