Revolução se faz com ideias, líderes e a massa − II

20/01/2015 13:37 - Geraldo de Majella
Por redação

 

O secretário de Educação Luciano Barbosa é a maior aposta do governo Renan Filho, pelos laços políticos que os une e por ser entre os secretários o que tem a mais larga experiência em administração pública. Exerceu nas três esferas do Poder Executivo funções relevantes: foi ministro de Estado, secretário do estado de Alagoas, secretário municipal e prefeito de Arapiraca.

        A proposta para mudar a educação, que o governador anunciou como sendo uma Revolução, ainda não foi apresentada. Aguarda-se. A ideia central me atraí: “a escola será o principal equipamento público deste Estado nos quatro anos que começam hoje”. Essa fala terá consequências.

        A luz jogada sobre a escola é carregada de simbologia e é o ponto de partida do processo. Tudo me faz deduzir ser a determinação para a Secretaria de Educação e para as demais secretarias. A leitura que faço é a de que o secretario de Educação exercerá poderes nunca antes vistos na administração estadual. Entendo ser um fato positivo por ser a educação a área impulsionadora do governo e de onde germinará a principal politica pública.

        As dificuldades financeiras do tesouro estadual foram anunciadas como graves, o que amplia ainda mais as dificuldades técnicas e a complexidade da pasta. A pasta da Educação é detentora de um passivo histórico que se agravou mais ainda na última gestão, das três em que Divaldo Suruagy governou Alagoas. 

Há um cipoal de problemas internos e externos desafiadores que, se contornados ou superados em parte ou por etapas, podem transformar-se num fator impulsionador da Revolução na educação alagoana.

        A experiência administrativa do secretario é um indicativo que pode conduzir a uma boa relação com as prefeituras e entre elas, as prefeituras com os piores índices de violência. Esse caminho, estado e municípios deverão fazer juntos, para ampliar as chances de sucesso.

A complexidade de uma “revolução” é para ser pensada em todas as suas variantes, com e por múltiplos atores. O “andar de cima” em geral comunica-se com o “andar de baixo”, através de decretos e memorandos. Inverter essa lógica talvez seja o início do processo de construção de consenso interno.

A revolução terá grande chance de ser vitoriosa, no médio e longo prazo, mas será obra não de um secretário e sim do conjunto do governo, centralizado nas políticas e descentralizado com o monitoramento das ações e o envolvimento concreto da prefeitura de Maceió e das demais prefeituras. Refiro-me a Maceió por ser a capital onde será dado início ao processo de implantação de Escola em Tempo Integral e onde vive 1/3 da população de Alagoas e estão os maiores contingentes de estudantes das duas redes de ensino.

O Estado não poderá realizar a sua “revolução” em detrimento dos municípios; não creio ser este o melhor caminho. Os alunos do ensino fundamental são originários das escolas municipais que seguirão para o ensino médio, de responsabilidade estadual. Esse caminho terá de ser bem pavimentado, sem interesses menores.

O líder desse processo tem de ser o construtor de pontes, não as da engenharia civil, mas o construtor do diálogo entre as diferentes partes e níveis, sendo considerado pela sociedade como um condutor do processo que inspire respeito e credibilidade.

A divisão de responsabilidades é norma legal. Mas a integração das ações e a sua potencialização dependerão de intenso trabalho de sedução, o que é mais que convencimento. Mais que dinheiro. Porque o dinheiro virá com boas ideias materializadas em projetos.

Alagoas não precisa de “mais do mesmo”. As obras físicas, em piores condições políticas e econômicas, o governo estadual realizou; no entanto, agora a palavra de ordem é a Revolução na educação, e para ser levada ao pé da letra, os parâmetros terão de ser outros. Não basta ter escolas recém-construídas ou reformadas, merenda para todos os alunos e de boa qualidade.

As mudanças são necessárias, mas nem sempre são pacíficas; por isso a construção de um ambiente de discussão a partir de uma ideia básica formulada pela gestão é fundamental. Os indicadores de eficiência e promoção têm de ser criados, antecedidos de discussão com os trabalhadores em todos os níveis − funcionários, diretores, professores, alunos e as famílias.

Luciano Barbosa terá a sua capacidade de liderança testada diante desses desafios. O secretário tem todas as condições para ser o líder dessa revolução, isso é inegável. 

 

 

 

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