Revolução se faz com ideias, líderes e a massa - I

16/01/2015 09:30 - Geraldo de Majella
Por redação

 

O governador Renan Filho declarou considerar “a Educação o motor da mudança, o impulso e a alavanca para o grande salto que precisamos dar, rumo ao desenvolvimento econômico e social do Estado.

“Por isso meu governo não faz por menos: a meta é fazer uma revolução na Educação de Alagoas.

“Já disse, e repito aqui, que a escola será o principal equipamento público deste Estado nos quatro anos que começam hoje.

“A primeira providência neste rumo já foi tomada. E ela tem, além do propósito prático, um sentido simbólico.

“A Secretaria da Educação terá em seu comando o vice-governador, empossado ao meu lado nesta solenidade”.

Os sinais emitidos a partir da posse são os melhores possíveis. A escolha do vice-governador Luciano Barbosa, para assumir a Secretaria da Educação, na atual circunstância não poderia ser melhor. É um político experiente, menos pelos seus vínculos com a educação e mais pela sua trajetória de gestor.

Os “segredos” dessa área já foram descobertos, mas falta quem os revele aos funcionários, alunos, professores, diretores e à sociedade alagoana, sem demagogia e/ou promessas inverossímeis.

Há, entre os funcionários da Secretaria Estadual de Educação, bons técnicos comprometidos com o serviço público; muitos, senão a maioria, estão com a estima em baixa, não sem razão, diante das interferências nada republicanas ou da falta absoluta de compromisso dos governadores, inclusive o último, Teotônio Vilela Filho, que transformou a educação em objeto de negociação a mais rasteira possível.

“Revolução” foi uma das expressões mais usadas pelo governador no discurso de posse. A repetição não foi gratuita, teve um propósito, o de ser um dos enunciados da carta de intenções da sua gestão. Tanto melhor para os alagoanos que desejam e merecem serviços públicos dignos, educação que eduque e forme cidadãos com capacidade intelectual para ajudar a transformar a dura realidade alagoana através do conhecimento.

A Revolução imaginada, seja na educação ou em qualquer outra área, não acontecerá como tantas obras físicas de governo, mas com um processo cumulativo de conhecimentos novos, a apropriação de tecnologias e ferramentas modernas, a mudança de paradigmas na formação dos professores e a participação ativa − nem sempre compreendida pelos “revolucionários” − da população.

O cidadão que tem historicamente os direitos fundamentais usurpados pelo Estado, terá de ser convocado; mais que isso, seduzido para ser um dos construtores do projeto revolucionário apresentado na sua versão inicial pelo novo governo.

Esse, para mim, é o nó górdio da questão. O governador quer realizar uma Revolução na educação, o secretario também quer, e é por força do cargo o responsável pela elaboração, coordenação e execução do projeto. É a situação ideal e o melhor dos mundos. O que falta, se todos querem?

Essa pergunta contém múltiplas respostas. Os princípios norteadores da Revolução não estão definidos, e se existem, não foram anunciados publicamente, mas serão em breve.

A Revolução só será realizada com ideias, líder e as massas. Isso pode ser no sentido figurado, se assim desejar, mas entendo como um fator essencial, o princípio básico.

As ideias que moverão as massas e o líder e seus diversos líderes intermediários devem ser reconhecidos pelas “massas”; no caso, pelos funcionários, professores, diretores, alunos, famílias e pela sociedade em geral, para se alcançar os objetivos e também quebrar o estado de desânimo, inércia  e baixa estima dos reais condutores da Revolução.

Admitamos que os desígnios revolucionários, sejam sérios, bons e factíveis. Mesmo assim falta dialogar com as outras partes constitutivas do processo revolucionário.

Esse diálogo é essencial para se construir o caminho ou os caminhos da Revolução; se não for assim, travando as batalhas no campo e nas condições em que a realidade se apresente, pode mais uma vez, como os decretos governamentais emitidos de cima para baixo, não prosperar.

A história tem mostrado que projetos nesse campo e de cima para baixo não logram êxito, pois caso os funcionários, os professores, os alunos, as famílias e o restante da sociedade alagoana não se envolvam, tudo não passará de uma boa intenção sem resultados práticos e, menos ainda, com efeitos transformadores.

Essa Revolução não deve ser datada, assim como a nova Emancipação de Alagoas. Entendo-a como expressão de retórica, entusiasmo do momento. Os dias que se seguem são para refletir e agir. A Revolução na educação não tem e não terá caminho único. Mas para existir só será possível com ideias. O exemplo do cineasta Glauber Rocha, que dizia ter “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, pode servir como estímulo. Mas a Revolução na educação em Alagoas deve ter muitas ideias na cabeça e no papel, e entusiasmo e liderança para realizá-la.

O poeta e ex-presidente de Angola, Agostinho Neto, disse certa vez que: “Não basta que seja pura e justa a nossa causa, é necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós”. Não tenho nenhum motivo para desacreditar das intenções dos governantes que acabam de ser empossados.

O que os alagoanos querem é ter escola de qualidade e um horizonte para romper com o círculo perverso da miséria e da dominação política e econômica de uma elite bárbara.

Sinceramente, desejo-lhe todos os êxitos, Luciano Barbosa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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