A Nova Emancipação de Alagoas

14/01/2015 05:39 - Geraldo de Majella
Por redação

O governador Renan Filho, no discurso de posse, foi enfático ao dizer que: “o chamado à união, fraternal e sincero, eu o faço em nome de um valor humano, o mais alto deles, a maior conquista do mundo civilizado – a democracia.

“Se ela é o primado da maioria, é também, e principalmente, o respeito à minoria.

“Mais do que respeito, o que fica pactuado aqui, ao estender minha mão e pedir que Alagoas caminhe unida, é a igualdade de tratamento para todos, sem discriminações”.

         O longo discurso nesse trecho, para mim o mais significativo: trata-se, quero crer, do princípio norteador do seu governo e enunciado da carta de intenções apresentada aos alagoanos.

         A construção do processo democrático é obra coletiva e vai para além da conquista do voto universal. A democracia reivindicada nas ruas e pelas redes sociais é o aprofundamento e a ampliação horizontal das conquistas sociais consignadas na Constituição Federal.

         O desafio para o governador é compreender que governar no presente não é manter-se atento apenas às reinvindicações corporativas dos entes estatais, mas negociar os conflitos sociais com os movimentos sociais tradicionais − sindicatos, associações, ONGS, etc. − e com os novos e difusos, fenômeno emergente.

         O governador pede que “Alagoas caminhe unida” e propõe que haja “igualdade de tratamento para todos, sem discriminações”. A união por Alagoas é uma figura de retórica interessante para quem inicia um governo.

A Alagoas pujante, das corporações de funcionários públicos bem-situados na máquina estatal (a minoria abocanha parte significativa da folha salarial), como se relacionará com a maioria dos funcionários que sobrevivem na penúria? Esse é um dos pontos do desequilíbrio do aparelho estatal.

Ao longo das últimas décadas esse problema tem se ampliado e tornou-se insolúvel. O andar de cima do funcionalismo público continua ampliando o poder e o desequilíbrio.

O exemplo típico é o da polícia militar, na qual o coronel, ganha R$ 16.510,68 e o soldado, R$ 1.304,14. A diferença é simplesmente de 12,66 vezes entre o coronel e o soldado.

         Os indicadores sociais, notadamente os citados no discurso, são possíveis de ser revertidos no médio e longo prazo, desde que se criem as condições.

A receita para equilibrar as contas públicas está pronta e já foi anunciada: “só há três maneiras de conseguir o equilíbrio: reduzir despesas, aumentar receita, ou a terceira, a mais eficiente: fazer as duas coisas. Milagre, nesse território, não existe”.

Tendo o discurso de posse como uma carta de intenções, resta-nos fiarmos na palavra do governador quando diz que: “a segurança, sem dúvida, é a área em que os números assustam mais, e mostram que o medo da população tem razão de ser.

“A média de homicídios no Brasil, já considerada muito alta pela ONU, é de 29 para cada grupo de 100 mil pessoas. Pois em Alagoas essa média foi de 64,6. De novo, mais que o dobro da média nacional.

“Todos sabem que Maceió tornou-se uma das capitais mais violentas do mundo. Aqui se morre de graça, e mata-se a qualquer pretexto”.

 Esse é o principal problema de Alagoas e requer empenho e a coordenação efetiva do governador.

Enfrentar e superar as adversidades será o desafio do governador Renan Filho, que para concretizá-lo invocou a possibilidade de fazer uma nova Emancipação de Alagoas.

Confesso que sou um otimista incorrigível mais não consigo imaginar a nova Emancipação e menos ainda com data pré-fixada, o dia 16 de setembro de 2017.  

Desejo êxito na sua missão, governador.

 

 

 

 

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