A Secretaria de Cultura é historicamente a que dispõe do menor orçamento e uma das secretarias com possibilidades de gerar muita mídia espontânea para o governo de Alagoas. E quero crer que isso se repete nos demais estados.
A ex-prefeita de Piranhas, Melina Freitas, escolhida pelo governador Renan Filho para ocupar a pasta, assume sob protestos e contestações de intelectuais, acadêmicos e artistas de todas as áreas culturais.
Os grupos constituídos formal ou informalmente – pelo menos nesse momento de crise terão a denominação de Movimento Cultural Alagoano (MOVA) − redigiram uma carta de repúdio e também estão nas redes sociais coletando assinaturas da população para em seguida o MOVA entregar ao governador como sinal da insatisfação.
Esse é um aspecto que tem chamado a atenção geral dos formadores de opinião e dos intelectuais alagoanos. Não tenho nenhum conselho a oferecer à secretaria Melina Freitas, afinal, como dizia minha avó, “conselho e água benta só se dá a quem pede”.
A Secretaria de Cultura, na gestão do professor Osvaldo Viegas, recuperou parte considerável do acervo do Museu da Imagem e do Som (Misa). Deveria ter avançado mais, essa é a minha opinião. Mas pelo menos o acervo não se perdeu e está acessível aos pesquisadores. É um ganho quando se trata do estado de Alagoas.
O acervo do Misa é constituído de milhares de discos de vinil e fotografias, dezenas de filmes, centenas de fitas com gravações de momentos significativos da história de Alagoas, além do acervo discográfico do radialista Edécio Lopes, entre outros bem valiosos e únicos da memória do povo alagoano.
Ainda na gestão de Osvaldo Viegas a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos foi totalmente reformada, ampliada e modernizada. Esse equipamento é um símbolo para a Maceió e para Alagoas. O acervo é constituído de mais de 90 mil exemplares de livros, mapas e uma das mais significativas hemerotecas de Alagoas.
O Misa e a Biblioteca Graciliano Ramos precisam de técnicos que conheçam e se dediquem a manter a organização dos acervos ali confiados por muitos doadores de várias gerações de alagoanos e brasileiros.
É importante que a secretaria tome conhecimento do que se faz e do que poderia ser feito a mais como ação cultural para o povo de Alagoas. Os artistas e os intelectuais vão continuar contestando pelo inusitado da sua nomeação; mas como gestora de uma área onde a senhora não tem maior trânsito, esse pode ser um caminho para a manutenção do que vem dando certo ou, pelo menos, do que não foi degradado como equipamento público de cultura em Alagoas.
Essa é a minha sugestão, pois conselho e água benta só se dá a quem pede.