Deixa a vida me levar vida leva eu

01/01/2015 18:54 - Geraldo de Majella
Por Redação

 

Nasci em Anadia – AL, no dia 2 de janeiro de 1961, sob o signo de Capricórnio e recebi como herança dos meus pais e do avô paterno o nome antes destinado ao primogênito, que infelizmente viveu alguns poucos dias. Minha irmã, Rosa Maria, nasceu e sobreviveu, e na sequência nasci e ganhei o nome antes destinado ao primogênito. Não haveria possibilidade de não me chamar Geraldo de Majella.

Anos depois, na adolescência, fui informado com mais detalhes pela minha professora de catecismo, Beatriz Fonseca, sobre a origem do meu nome e da devoção dos meus familiares pelo santo italiano, São Gerardo Majella.

        Eu me iniciei no catolicismo como a maioria das pessoas; hoje, não professo nenhuma religião, mas me relaciono muitíssimo bem com o nome que me foi posto e registrado no cartório de Antônia Carlos dos Santos, Dona Tena, como todos a chamavam.

        A vida me foi encaminhando por lugares tortos e retilíneos, com intermitências ou não. Adquiri régua e compasso para enfrentar e superar as adversidades que nem sempre superei, mas o fato é que sobrevivi e hoje, ao realizar uma rápida retrospectiva desses 54 anos, me convenço de ter sido positivo o saldo, com perdas e ganhos, pois não poderia ser diferente. Mais ganhos do que perdas, para fechar o balanço de maneira sucinta.

        Os apontamentos feitos por mim num livro imaginário onde estão relacionados os amigos de toda a vida registram que a maioria deles foi feita na mais tenra idade, na infância, adolescência e juventude. Mas há outros de quando me tornei adulto e passei a caminhar em direção à maturidade. Esse é o meu principal e talvez o único capital adquirido durante a minha vida errante e cuidadosamente preservado fora das regras do mercado.

        Passei por escolas e faculdades, não me julgo ter sido um bom e muito menos ainda um aluno disciplinado. A rebeldia me é inata. Nesse quesito só Freud explica.

Tenho debitado, em grande medida, o que sou e o que fui adquirindo como conhecimento acumulado às rodas de conversas nas praças, às noitadas intermináveis nos bares e restaurantes, nas praias, nos cabarés e em pouco mais de vinte anos de militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB). A ordem não é necessariamente esta, mas foi nesses locais que consolidei amizades e robusteci a minha formação política e humana.

 Nunca procurei andar em igrejas e leiteria à busca de amizades e de conversas inteligentes, muito embora tenha convívio e preze amizades com religiosos de várias denominações. Todos eles sabem das minhas convicções.

A juventude me fez sonhar com a possibilidade da construção de uma obra coletiva e universal, de um mundo fraterno, justo e socialista. Mergulhei sem salva-vidas em águas revoltas, aprendi a nadar e nunca mais deixei de viver a sonhar.

O mundo mudou, eu mudei, perdi com meus companheiros as batalhas, quase todas, mas jamais perdi a capacidade de sonhar com mudanças locais e universais. Tenho me restringido às batalhas cotidianas, às pequenas lutas, pois acredito nelas e me imagino ainda com capacidade de lutar por conquistas sociais. Para mim, o sonho não deixou de existir. Ele foi apenas adiado para a minha geração, certamente. Faz parte da Revolução de que queremos participar.

Menos ansioso e mais experiente, procuro viver a vida como ela se apresenta, sem me resignar.

O meu olhar para o passado não vem acompanhado de nostalgia, pois só valorizo o que vivi; também não sou saudosista, sendo o passado uma referência onde muitas vezes me apoio como experiência. Não é incomum sentir saudade dos meus pais e de outras pessoas queridas, que revivo através das lembranças que reaproximam vivos e mortos.

No capítulo das conquistas, me sinto um ser afortunado. Exerci algumas funções públicas e procurei errar o mínimo possível, e que os erros nunca fossem danosos às pessoas e ao patrimônio público. Todos os esforços por mim despendidos objetivaram aproximar as ações governamentais em benefício da sociedade, e nunca vestir a casaca dos “donos do poder”.

Aos 54 anos, devo à Isabela, minha filha, as mais profundas mudanças em minha vida, e à Vânia, minha companheira, que me apresentou um novo mundo e uma nova forma de viver e amar.

Sigo em frente, lendo, rindo, ouvindo músicas e delas captando o que há de melhor, como esses versos de “Preciso me encontrar”, do compositor carioca Candeia:

Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Rir pra não chorar.

Quero assistir ao sol nascer

Ver as águas dos rios correr

Ouvir os pássaros cantar

Eu quero nascer

Quero viver

 

Deixe-me ir

Preciso andar

Vou por aí a procurar

Rir pra não chorar

Se alguém por mim perguntar

Diga que eu só vou voltar

Depois que me encontrar [...]”

 

 

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