Em Alagoas, é possível vencer o crack?

22/12/2014 12:36 - Geraldo de Majella
Por redação

 

Crack, é possível vencer é  um programa nacional coordenado pelo Ministério da Justiça, com o objetivo de “desenvolver, em parceria com outros Ministérios, uma ação integrada que envolve três frentes de atuação: prevenção, cuidado e autoridade’.

“Nesses três aspectos, o programa integra vários grupos sociais, trabalhando, simultaneamente, na prevenção, no combate, na reabilitação e na reintegração social.

“O programa é um amplo trabalho realizado pelos Ministérios da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Educação e da Secretaria de Direitos Humanos, visando oferecer aos grupos de risco irrestrito apoio em todas as suas necessidades, contribuindo, desta forma, para a redução dos índices de consumo de drogas”.

A concepção do programa é boa e abre um caminho de possibilidades entre os estados e os municípios no enfrentamento da epidemia do crack no país. Alagoas, não custa lembrar, é o estado mais violento do Brasil, ensaiou  a execução do programa, mas falta efetividade na coordenação e estruturação de uma rede interinstitucional.

As condições básicas existem, há profissionais no serviço público capazes de coordenar e executar; na outra ponta estão as organizações da sociedade civil: algumas desenvolvem trabalhos meritórios, mas o poder público estadual, que deveria exercer a coordenação, pouco faz, negligenciando diante de uma epidemia que cresce cada vez mais.  

A letargia e a pouca importância conferida ao problema contribuem para a permanência dos usuários cada vez mais consumindo o crack e outras drogas ilícitas. O tráfico e as disputas entre traficantes e consumidores de crack são um indicativo da criminalidade na cidade de Maceió e em Alagoas.

A constatação da gravíssima situação é do conhecimento do gestor estadual e dos gestores municipais; o que falta, no entendimento dos técnicos, é o compromisso com políticas públicas de saúde e nas demais áreas.

A epidemia de violência é retroalimentada em grande medida pelo uso e pelo tráfico de drogas, como demonstram as pesquisas. As mudanças esperadas dessa situação não serão vislumbradas se persistirem as práticas e a concepção fragmentada do enfrentamento do problema.

Não seria infundado deduzir que, de maneira subjacente, vem sendo estruturado um “mercado” de dependentes químicos com fins econômicos e político-eleitorais. O econômico e o eleitoral têm caminhado juntos. Os bloqueios ocorridos na estruturação de políticas públicas voltadas aos dependentes químicos são silenciosamente torpedeados nos bastidores do governo.

O enfrentamento dessa dura realidade social não pode continuar nos marcos até agora estabelecidos pelo governo que finda. Verifica-se o loteamento político-eleitoral de áreas do estado tão sensíveis, como a do tratamento e a do acolhimento de dependentes químicos.

O tripé formado pelos trabalhos de prevenção, cuidado e repressão ao trafico terá de ser parte do eixo estratégico de combate à violência em Alagoas, tendo como estratégia o controle da epidemia de crack, a segurança pública utilizando tecnologias na inteligência policial, os investimentos na saúde, a assistência social, cultura etc.

Evidentemente que esse trabalho não será estruturado a partir da concepção da “guerra” e da mão dura e inclemente da polícia, que tem fracassado e produz o aumento vertiginoso do encarceramento de usuários e varejistas do tráfico, majoritariamente jovens.

Em Alagoas, é possível vencer o crack? - é a pergunta que fica.

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