Neste sábado (15), data em que se comemora a Proclamação da República, o escritor Laurentino Gomes, autor do livro “1889”, está na terra de um dos personagens principais de sua obra e da própria história brasileira: Marechal Deodoro. O jornalista é uma das atrações da V Feira Literária (Flimar), que acontece até domingo no município berço do proclamador da República.
Na noite de sexta-feira (14), Gomes participou de uma sessão de autógrafos na Livraria Nobel, em Maceió, onde conversou com a reportagem do CadaMinuto sobre o livro e sobre sua presença em Alagoas.
O autor classificou a participação dele na Flimar em pleno Dia da Proclamação da República, como uma “boa coincidência”, mas confessou certo temor devido ao trabalho de “desconstrução” que tentou fazer em suas obras de dois mitos em terras caetés: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
“Deodoro e Floriano, exemplos de personagens extremos e polêmicos da história, passaram por esse processo de desconstrução e, às vezes, as pessoas se incomodam com disso, mas me surpreendi aqui ao ver que os alagoanos têm um olhar bem crítico sobre esses personagens. Eles não são tratados como mitos, ou são menos do que eu imaginava”, comemorou Laurentino Gomes, frisando que trazer à tona as características mais realistas dos alagoanos ilustres não diminuem o papel que eles tiveram na história.
Sobre o livro 1889, tema do bate-papo que o escritor comanda neste sábado, ele considera o mais polêmico da trilogia, já que a República ainda é um processo em andamento. O jornalista também lembrou que o atual momento do país é crucial, já que se vê o dilema entre a democracia “e a tentação totalitária pairando no ar”: “De um lado com um grupo defendendo o retorno da ditadura militar e do outro, gente que não aceita crítica e prega o controle da imprensa”.
“Não é por acaso que as pessoas estão lendo sobre a história. Elas querem entender as questões de hoje e só olhando o passado entendemos quem somos agora”, destacou o escritor, da mesma forma agradável e acessível com a qual escreve seus livros.
Dois milhões de exemplares
O livro 1889 é o último de uma trilogia de sucesso do autor, da qual fazem parte 1808, sobre a chegada da corte portuguesa no Brasil, e 1822, que revisita a Independência do Brasil. Juntos, os três livros já venderam mais de dois milhões de exemplares.
Em 1889, que se apresenta com o subtítulo “Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil”, o escritor relata que a fragilidade da Monarquia – e não a força do movimento republicano – foi determinante para a Proclamação da República.
A obra também traz detalhes pitorescos dos fatos que antecederam o “grande dia” – que, segundo o autor, sequer existiu da forma como foi contada - e coloca Marechal Deodoro da Fonseca como instrumento de um golpe de estado e não como o herói da proclamação.
Na V edição da Feira Literária de Marechal Deodoro, o escritor participa de uma discussão sobre 1889, às 15h deste sábado no Auditório Espaço Cultural Alagoa do Sul. O mediador da conversa será o jornalista, escritor e crítico literário pernambucano Maurício Melo Júnior.