O final do ano chegou e os planejamentos começam a fervilhar na mente de quem, normalmente, se programa para aproveitar o período de férias atrelado ao recebimento do 13º salário. Para alguns, os pensamentos são voltados a viagens, presentes ou até investimento financeiro. Já para outros, nesta época do ano a preferência é para os cuidados pessoais, como a realização de cirurgias plásticas, que neste período são ainda mais comuns: segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a procura chega a ser até três vezes maior do que em outras épocas.
Para falar sobre o assunto, a reportagem do CadaMinuto conversou com o cirurgião-plástico André de Mendonça, que é presidente da SBCP em Alagoas e membro da Sociedade de Cirurgiões Plásticos dos Estados Unidos. Segundo ressaltou o especialista, as férias, que proporcionam dias livres de trabalho ou de escola, são propícias à recuperação durante o pós-operatório. Entre dezembro e janeiro, cujo período também antecede a alta temporada do verão, os consultórios e clínicas registram aumento de até 30% na procura por cirurgias plásticas, sobretudo as estéticas.
De acordo com estimativas da SBPC, baseadas em resultados de estudos realizados em parceria com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), são realizados cerca de 1 milhão deste tipo de procedimento, por ano, no Brasil. Mendonça ressalta que, apesar do acesso às cirurgias ter sido ampliado, é preciso que a população se atente a alguns fatores antes de decidir pela realização. Entre os cuidados, o médico alagoano ressalta que o paciente deve optar por um médico qualificado e devidamente credenciado pela SBPC, que é responsável pela formação profissional e acadêmica nesta especialidade.
“Ao contrário do que muita gente pensa, a cirurgia plástica é um procedimento seguro, desde que seja feito com segurança e por um profissional habilitado. Hoje, as cirurgias se tornaram mais acessíveis, mas é preciso ter cuidado, visto que há ‘médico’ se intitulando cirurgião sem ter a qualificação, além daqueles que oferecem ‘milagres’ e grandes descontos em procedimentos sem cortes. Isso não existe. Quem se deparar com qualquer coisa deste tipo, o primeiro passo é duvidar e, se preferir, denunciar o caso para que as medidas cabíveis sejam adotadas pelos órgãos competentes, como o Conselho de Medicina”, alertou André de Mendonça, acrescentando que este cuidado visa a segurança da saúde do próprio paciente.
Outro fator que o médico chama atenção é o momento de decisão em se fazer ou não a cirurgia plástica. De acordo com a SBPC, cerca de 60% dos procedimentos são realizados para fins estéticos. Diante desta estimativa, Mendonça alerta que a escolha deve ser feita por vontade própria do paciente e não por influências, deixando de lado as famosas “tendências” da busca pelo corpo perfeito ou por opiniões de terceiros. “Quem quer fazer uma cirurgia deve, primeiramente, vê-la como uma realização própria e não para satisfazer o outro. Além da segurança no procedimento, esse é um dos fatores mais importantes nesta decisão”, disse.
Sobre a procura por cirurgias plásticas, André de Mendonça explica que 70% do público é feminino. Neste caso, a preferência, em uma sequência, é: 1º colocação de prótese mamária ou redução; 2º lipoaspiração; e, por último, a abdominoplastia (plástica no abdômen). O médico acrescenta que, entre as mulheres, a procura no caso da mama é mais comum entre as jovens e adolescentes. Já entre os homens, ele afirma que a procura maior é para correções no nariz, lipoaspiração, aplicação de toxina botulínica em partes do rosto, além de tratamentos a laser.
O especialista afirmou que a realização de cirurgia entre o público mais jovem é crescente. Quanto ao tema, o médico falou ao CadaMinuto em entrevista recente, onde afirmou que, à época do Dia das Crianças, “pais ‘presentearam’ filhos com cirurgias plásticas. Entre os procedimentos mais “pedidos” estão a correção da chamada “orelha em abano”, a plástica de nariz e plástica de redução nas mamas, esta especialmente em meninos.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), mais de 127 mil cirurgias são realizadas por ano em crianças em todo o país, número que significaria 21% do total de procedimentos em nível nacional.
André de Mendonça encerrou falando sobre mitos que cercam a cirurgia plástica. O maior deles, segundo o médico, é a falácia de que o procedimento é perigoso. “É um tratamento que, muitas vezes, exige ainda mais segurança do que em outras especialidades da medicina. Para ser operado, o paciente deve estar 100% saudável, o que evita complicações. Quando realizada com rigor médico, a cirurgia plástica é um procedimento seguro e de riscos mínimos. Por isso o paciente tem que ter certeza de que está diante de um profissional devidamente habilitado”, encerrou o entrevistado.