A cultura da morte no Whatsapp

28/10/2014 21:59 - Blog do Marques
Por José Marques
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Existe uma nova moda no comunicador instantâneo Whatsapp, que movimenta milhares de milhares de grupos no Brasil. Com a finalidade de troca rápida e objetiva de mensagens entre pessoas, facilitando assim a comunicação e interação, o aplicativo virou sucesso entre os “digitalizados”.

Com essa facilidade de comunicação e a troca de arquivos muita coisa começou a ganhar força, como por exemplo vídeos cômicos, memes, fotos e vídeos pornográficos e fotos e vídeos de pessoas mortas drasticamente ou não, pessoas sendo executadas por extremistas do oriente ou por extremistas portadores da decisão de quem vive e de quem morre aqui no Brasil, os famosos justiceiros.

Todos os dias, repito TODOS OS DIAS, recebo em alguns grupos que faço parte fotos de pessoas que morreram em acidente de carro, em confronto com a polícia ou simplesmente por ter morrido. Quando percebo as fotos que chegam nos grupos, faço questão de imediatamente deletá-las do meu celular, não gosto de ver e não gosto de compartilhar, permaneço nos grupos pelo bom relacionamento e por gostar das pessoas que ali estão, porém me questiono sempre o que faz uma pessoa gostar (ter prazer!) em compartilhar e ter fotos de pessoas mutiladas, mortas, literalmente destruídas por algum acidente ou qualquer outro motivo?

Certa vez perguntei isso num dos grupos que faço parte, alguém respondeu dizendo que gostava de ver aquelas fotos para ficar pensando como o ser humano é frágil diante de um acidente. Penso que para se ter a certeza de como somos frágeis basta lembrarmos quando adoecemos e ficamos impotentes numa cama nos recuperando de alguma febre.

Outros não negam, dizem que gostam por simplesmente gostar. Não sei se esses têm o dom escondido para alguma área da saúde que estuda profundamente o corpo humano e sua anatomia.

Com as fotos, os diversos “anatomistas”, analisam cirurgicamente as imagens e concluem até a vida intima de cada vítima ali exposta aos olhos famintos e sedentos por sangue e carnificina.

Gostaria muito de saber o que esses admiradores de corpos esquartejados admirariam se no lugar de pessoas desconhecidas fossem parentes próximos como pai e mãe, ou filho ou uma irmã?

Vivemos tempos em que valores são pisoteados, direitos vilipendiados e pessoas desvalorizadas. Memórias e histórias são anuladas para dar lugar ao prazer de alguns de construírem em suas mentes (sádicas?) uma nova memória, desrespeitando assim, tudo aquilo e aquele que a pessoa foi e deixou marcado nos corações de muitos familiares e amigos.

Convido aos amigos leitores do Blog para refletirem um pouco sobre o tema e começarmos a deixar de lado essa cultura de morte e valorizarmos mais a vida e tudo que ela pode nos oferecer de bom. Refletir sobre a história de cada um, nos colocando no lugar do outro, sabendo assim, que cada ser humano tem suas memórias, fatos e histórias, o que nos diferencia, mas que em dignidade nos une e nos fortalece.

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