Quanto vale uma amizade?

19/04/2016 02:07 - Blog do Marques
Por José Marques
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Vivi algo interessante no dia de ontem. Como todos sabem, ontem foi mais um dia histórico para o país, onde os deputados federais votaram pelo impeachment da presidente Dilma. Até aí tudo bem, estava tudo seguindo os conformes, os deputados com seus discursos preparados para o programa eleitoral de 2016 e 2018, outros com uma leve problemática de convivência com o plural e outros com discurso exaltados enaltecendo torturadores e assassinos, velhos conhecidos da história do Brasil.

Eu sabia que esse processo todo pelo qual o país vem vivendo é fértil para a divisão entre azul e vermelho, honesto e desoneste, decente e indecente, conivente com a corrupção e não conivente, homens de bem e homens que querem o fim da família tradicional brasileira... Traduzindo, o cenário perfeito para rotular e segregar aqueles que não pensam da mesma forma que eu.

Nesta vibe agradável da intolerância, um amigo ficou extremamente incomodado ao ter interpretado, na sua radicalidade recém adquirida, uma defesa exagerada da minha pessoa pelo Partido dos Trabalhadores, que não interessa se voto ou não, dizendo que eu era conivente com tudo pelo que o país estava passando entre outras alegações.

Ao manifestar minha posição sobre o impeachment através do Congresso Nacional, percebi o seu desgosto total. Senti que um dos meus amigos mais aberto ao diferente, ao contraditório, que tinha orgulho em buscar conhecimento em vários lugares, culturas, religiões e pessoas, estava caminhando para um lugar antes nunca imaginado que seria percorrido.

Uma amizade foi desfeita, não por minha parte, ainda tenho imenso carinho e amizade por ele, estarei sempre aqui que precisar, mas por posicionamento político interpretado de forma equivocada, nada como a embriaguez dos extremos para embaraçar nossa visão da realidade.

Perdemos a oportunidade de vivenciar cada vez mais pessoas que amamos devido ao afastamento natural da nossa vida, trabalho, família, estudos e tantos outros motivos, porém quando o reencontro acontecia, a intensidade da escolha pela amizade se fazia real e tudo ficava claro, de como o mistério divino de se manifesta no outro.

Por menos intolerância, por mais amor, por mais verdades, por mais bandeiras, por mais cores, por mais abraços, por mais crenças, por mais lentes, por mais possibilidades, por mais amizades, por mais, mais, mais, mais... Onde todos possam conviver em paz e harmonia, respeitando todas as diferenças, mesmo não concordando com elas.

Esse não pode ser mais um texto que caia na ideia do mundo que nunca virá...

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