O conceito de cinefilia, segundo grande parte dos dicionários, é um tanto quanto modesto ao definir os que se enquadram apenas como “fortes entusiastas ou apaixonados por cinema”. Explicação muito vaga, principalmente tendo em vista que o simples fato de não perder um lançamento e saber quem ganhou o Oscar de melhor filme do ano, não torna ninguém mais que um mero simpatizante da sétima arte. “Um admirador apenas aprecia. Gosta do ambiente e tem prazer com o cinema. O cinéfilo vai além. Como a própria palavra reflete, é aquele que consome de forma voraz e tem sede de cinema. Todo o mundo criado pelo cinema, desde a produção à exibição, é digna de interesse para ele. Ele vive para isso porque a experiência o satisfaz, todo o ambiente o completa”, elucida Felipe Hotton, estudante de comunicação e cinéfilo assumido.
Tanto faz se sozinho ou em um momento coletivo de descontração, o que difere um cinéfilo de todos os outros é a forma como assiste a um filme. “Que se entenda cinefilia como o interesse geral, e não como compulsão por cinema. Compulsão denota passividade e neste caso o interesse gira tão-somente em torno do filme, dentro da sala de exibição, a mercê dos exibidores”, disse Daniel Bell, em 1999, num texto publicado para o Festival do Rio.
Quando perguntadas, poucas pessoas negam gostar de cinema, mas não se trata apenas de ver os filmes, mas de discuti-los e situá-los numa história das formas artísticas. “O cinéfilo é antes de tudo um amante, mas nem todos os amantes de cinema são, de fato, cinéfilos. Amamos o cinema, um amor que instiga, um amor que obsedia. O cinéfilo é alguém que experimenta, vive e investiga e quase sempre de forma amorosa”, explica Nivaldo Vasconcelos, que se define como cineclubista militante, escritor e realizador audiovisual. É preciso deixar claro que em referências feitas ao cinema, não há, de maneira nenhuma, a limitação ao espaço reservado para assistir comercialmente aos filmes, ainda que seja importante. Nivaldo, inclusive, afirma que vai pouco. “Prefiro vê-los em casa. O fato de ir ou não ao cinema não é relevante”, afirma.
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