Há 30 anos, ocorria um dos maiores comícios do movimento Diretas Já, na Praça da Sé, em São Paulo. As mobilizações populares tomaram conta das ruas com o intuito de reivindicar o fim do regime totalitário e a aprovação da proposta de emenda à Constituição que restabelecia as eleições diretas para a Presidência da República. Para a cientista política alagoana, Luciana Santana, o Diretas Já foi o principal movimento civil que impulsionou a conquista de direitos políticos.

Em 1983, a movimentação em torno da instituição do voto direto para o cargo de presidente se concretizou sob a forma de um projeto de lei elaborado pelo deputado peemedebista Dante de Oliveira.

Para a cientista política, Luciana Santana, o movimento Diretas Já foi a principal manifestação pela democracia do século XX. “Em busca da liberdade, milhares de pessoas foram às ruas para reivindicar direitos políticos e mais democracia. As Diretas Já foram o principal movimento civil que impulsionou a conquista dos direitos políticos e a elaboração da Constituição de 1988.”, explicou.

Dentre os ganhos apontados pela cientista está a possibilidade dos cidadãos escolherem livremente os candidatos a cargos públicos. “As pessoas passaram a ter o direito a participar das decisões políticas, assim como também de fiscalizar e cobrar ações dos candidatos eleitos. Como conseqüência, partidos políticos também deixaram de viver na clandestinidade”, avaliou.

Ainda de acordo com Santana, as manifestações são sinal de amadurecimento político. “Apesar de haver crises políticas, hoje existe a possibilidade da população cobrar seus direitos e de exigir fiscalização através de legislação especificas”.

Diretas Já

Apesar das mobilizações populares, os deputados federais da época rejeitaram a proposta e o Brasil manteve o voto indireto para as eleições de 1985. Na época, foram registrados 298 votos a favor, 65 contra e 3 abstenções, num total de 366 presentes. Faltaram 22 votos favoráveis para que a emenda alcançasse o quorum de 2/3 (320 votos) exigidos na Câmara.

A eleição direta para a presidência da República só aconteceu em 1989, com a vitória de Fernando Collor e a derrota de Luiz Inácio Lula da Silva.