Viver no Brasil custa caro. Em Alagoas, então, ainda mais. Os gastos de uma família com crianças especiais, como é o caso do transtorno do espectro autista (TEA), são ditados por necessidades que vão além das básicas e podem fazer uma grande bagunça no orçamento mensal. As baixas oportunidades de serviços público de qualidade colaboram para a demanda cada vez maior do atendimento particular, que se torna a alternativa mais válida. Mas é preciso cuidado para não extrapolar.
O economista Fábio Guedes conta que o Brasil é um país de contrastes, pois, enquanto uma grande massa está abaixo da classe média, dentro dos padrões nacionais, uma pequena parcela detém muita riqueza. “A renda média da família brasileira é cinco salários mínimos (R$ 3.390,00). Em Alagoas, esse valor diminui para três salários, somando R$ 2.304,00, e representa a realidade de 78% da população”, explica.
Criar um filho acaba tornando-se um investimento. Segundo um estudo do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent), publicado no início de 2013, a presença de cada herdeiro até os 23 anos leva a gastos que, na ponta do lápis, comparam-se ao valor de um imóvel novo num bairro de ótima localização.
As famílias de classe A (acima de R$ 25 mil mensais) chegam a gastar R$ 2,08 milhões por filho; nas de classe B, com rendimento que vai de R$ 6 a R$ 25 mil, o total foi de R$ 948,1 mil; já as famílias de classes C (de R$ 2.000 a R$ 5.999) e D (até R$ 2.000 por mês), no qual alguns dos itens pesquisados aparecem em branco, são gastos R$ 407,1 mil e R$ 53,7 mil, respectivamente. Foram utilizados 19 critérios para a estimativa, dentre eles alimentação, festas de aniversário, plano de saúde, vestuário, lazer e até mesada.
Laísa Acioly, que serviu de personagem também na reportagem anterior, conta que conseguiu diagnóstico da filha Lavínia por meio da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) – que funciona e é custeada por meio de doações voluntárias da sociedade civil. Descobriu que o Sistema Único de Saúde (SUS) ofertava serviços de acompanhamento para autistas e iniciou visitas ao aparelho público, mas logo reclinou. “A estrutura não é compatível com o desenvolvimento saudável do paciente nessa condição. Crianças e adultos com espectro autista não têm o entendimento que nós temos de paciência, e não aguentam esperar em filas. Chegávamos a aguardar horas pela consulta, e isso atrapalhava o progresso dela”, justifica. Foi então que decidiu encarar o atendimento privado.
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