Em entrevista exclusiva para Marie Claire, a cantora revela detalhes de seu casamento de nove anos com o guitarrista Paolo Carta, como os seus relacionamentos anteriores influenciaram as letras das canções e o momento em que descobriu a palavra "vingança".
MARIE CLAIRE: Você está lançando o álbum "The Greatest Hits", que celebra 20 anos de sua carreira como cantora. Como é, depois de tanto tempo, parar e olhar para tudo que você construiu?
LAURA PAUSINI: É emocionante, porque, sinceramente, não sonhava em ser uma cantora famosa. Para mim, cantar e fazer sucesso eram coisas muito distantes. Eu só queria me apresentar em restaurantes, estilo piano bar. E meu pai, que também é cantor e sempre foi a minha referência, sempre acreditou que eu era especial e que minha voz merecia mais do que um restaurante (risos). Foi ele quem me convenceu a participar de um concurso quando ainda era adolescente. Ganhei em primeiro lugar e, naquela noite, com certeza, a minha vida mudou, pois recebi muito amor das pessoas, um amor que eu não sabia se desejava merecer. Meu pai me fez compreender que ser cantora era o sonho verdadeiro da minha vida e que esse amor das pessoas era a forma maior que Deus podia dar como sorte para um artista.
M.C.: Em todos esses anos de carreira, há algo que sempre quis fazer e ainda não conseguiu?
L.P.: Eu fiz muitas coisas que não pensava em fazer. Tenho muitos desejos e sonhos, gostaria muito de cantar com Celine Dion e Shakira, por exemplo. Na minha carreira, tudo é muito maior do que eu sonhava, então, sinceramente, não posso dizer que tenho uma coisa que não fiz. Meu grande sonho era ter um filho e agora que tenho Paola tudo fica diferente...
M.C. O casamento mudou com a chegada de sua filha?
L.P.: Estou com Paolo há quase nove anos. Muitas amigas diziam que a relação muda depois de ter um filho, mas eu e meu amor somos muito cúmplices e olhá-lo tão fofo e paterno com Paola me faz achá-lo ainda mais sexy! (risos). Eu sei que as coisas entre duas pessoas podem mudar de um dia para o outro. Se isso acontecer entre eu e Paolo, fico feliz de saber que ele é o pai da minha filha. Se um dia não estivermos mais juntos, sei que ele vai cuidar bem dela, pois é um pai perfeito. Gosto muito dele, sou muito apaixonada!
M.C.: Que tipo de mulher é você?
L.P.: Eu gosto de relações longas. Namorei sério três vezes: o primeiro durou dez anos, o segundo de quatro anos e meio e tenho o Paolo. No meio dos dois primeiros passaram três outros garotos, mas era passageiro.Nunca transei com um cara na mesma noite que o conheci. Eu preciso de tempo. Aplaudo muito quem faz isso, porque nas minhas primeiras histórias de amor eu era muito ingênua, muito santinha. E isso me rendeu muitas traições! (risos)
M.C.: Pensou em se vingar em alguma das vezes?
L.P.: Acredito que a vida se encarrega de dar voltar e punir quem merece. Foi assim com Marco, o cara para quem escrevi “La Solitudine”. A história verdadeira é que ele foi meu primeiro amor. Eu tinha 12 anos e foi a primeira vez que fiquei apaixonada e a primeira vez também que, quando ele me deixou, eu conheci a solidão. Eu pegava o trem com Marco todos os dias para ir para escola e um dia ele passou a pegar o trem com outra. Foi muito difícil, sofri por três anos, pois sou italiana!rs Quando amo, amo muito! E quando acaba, preciso de um tempo longo para me recuperar. Marco voltou pra mim depois que ganhei o concurso em San Remo, disse que queria voltar. E eu disse que não. Nesse momento, pela primeira vez, descobri o significado real da palavra vingança. Mas acabamos ficando amigos e nos falamos até hoje.
M.C.: Você era muito amiga da Hebe Camargo. Esta é a primeira vez que você vem ao Brasil e ela não está aqui. Como está se sentindo?
L.P.: Se hoje as pessoas me conhecem no Brasil, a primeira pessoa a quem devo agradecer é a Hebe. A primeira vez que me apresentei aqui, foi no programa dela. Hebe me amou desde o primeiro momento, quando eu ainda não era ninguém. Fico muito emocionada de falar sobre isso porque, apesar de nos vermos pouco, tínhamos uma relação forte, quase como de mãe e filha mesmo. Quando ela morreu, foi um momento muito raro, porque na noite anterior eu tive um pesadelo com ela. E então eu levantei e uma amiga me chamou para dizer que Hebe tinha morrido. Eu já estava grávida nessa época, mas nos primeiras quatro meses de gravidez havia risco de perder o bebê, então eu estava esperando o quarto mês para contar a novidade para ela. Hebe sempre me dizia: “eu preciso ser avó. Você precisa ter uma filha menina”. Então foi muito difícil, mesmo. Fiquei muito nervosa por não conseguir vir ao funeral, mas o Claudio, sobrinho dela, me contou que antes de partir ela perguntou por mim e me mandou um abraço. Era era muito inteligente, sabia quando iria partir.
M.C.: Quando se fala em mulher brasileira, qual é a primeira coisa que vem à sua cabeça?
L.P.: Vocês são as mulheres mais lindas do mundo. Isso é indiscutível.Vocês são muito perigosas para o meu casamento porque têm o bumbum muito bonito! O meu é muito grande, estou sempre de dieta, mas o bumbum nunca muda! (risos)