Benedito Bentes: uma "cidade" que amarga índices alarmantes

04/10/2013 07:52 - Maceió
Por Gilca Cinara - CadaMinuto Press
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O que era apenas um conjunto habitacional se tornou o maior bairro de Maceió, com mais de 30 conjuntos e 19 grotas, nos últimos 27 anos. Criado com a proposta de abrigar famílias que não tinham condições financeira para construir um imóvel, o Benedito Bentes não cresceu apenas de forma territorial, mas economicamente e populacional, com uma média de 220 mil habitantes, de acordo com dados do IBGE. Apesar de todo esse crescimento, a ausência do poder público no acompanhamento da expansão resultou em índices alarmantes, em áreas como violência, educação e saúde.

Para se ter uma noção, a população do Benedito Bentes é maior do que a segunda cidade mais importante de Alagoas, Arapiraca.  O bairro, que já recebeu um Projeto de Lei para torná-lo em município, é considerado uma área de risco, de acordo com dados do Ministério da Justiça. O primeiro conjunto foi criando em 1986, para funcionários públicos, na época do Governador Divaldo Suruagy. Antigos moradores afirmam, que como em qualquer e outro lugar, o conjunto era um ótimo local de moradia, mesmo com a distância do Centro da Cidade, onde se concentra o comércio e as repartições públicas.

Poucos moradores do bairro sabem que o nome dado a comunidade foi em homenagem a Benedito Geraldo do Vale Bentes, amazonense, que chegou nas terras alagoanas em 1961, quando seu pai  Manoel Gentil do Vale Bentes veio assumir a direção da Escola de Agronomia de Satuba. Benedito Bentes foi um homem de muito renome e destaque nos cargos públicos que assumiu no estado. Ele foi presidente da antiga Companhia Energética de Alagoas (Ceal), onde levou energia elétrica para cidades do interior do estado, em parceria com a Chesf. Foi também presidente do SESC/SENAC, Diretor da Confederação Nacional do Comércio e outros cargos de destaque no cenário político e econômico de Alagoas.

Dois anos depois, em 1988, o crescimento já era evidente e surgiu o Benedito Bentes II, e os conjunto Frei Damião, Moacir Andrade, e a Grota da Alegria, antes conhecida como Grota da Caveira, pois era um local utilizado por criminosos para desovar corpos. O complexo habitacional era considerado o "fim do mundo", mas mudou totalmente essa denominação entro os populares, com a ativação do comércio. O comércio abriga lojas de uma variedade de produtos, que vão de venda de móveis a bijuteria.

O líder comunitário e Conselheiro Tutelar do Benedito Bentes, Carlos Alberto, conhecido na comunidade como Carlinhos, garante que não houve nenhum acompanhamento e crescimento social, na educação, saúde, segurança, esporte cultura e emprego. “Todas essas áreas carentes para o cidadão são precárias. Se o crescimento social não acompanha o crescimento econômico, quem ocupa a área é o tráfico de drogas, é a marginalidade, que é o que vem vencendo hoje no conjunto. O índice de violência é alarmante, em todos os sentidos, com comerciantes, com as famílias, com criança, mulheres".

Segundo ele, os conjuntos foram criados sem o planejamento de qual aquelas famílias seriam atendidas, o que tornou a assistência a população falha. Como exemplo Carlinhos citou o Conjunto Cidade Sorriso I e II, construído para abrigar famílias da Favela de Lona, no Eustáquio Gomes e da Sururu de Capote, no Vergel do Lago.   "Foram 1500 casas, mas nenhuma escola foi construída, nem posto de saúde, nem área de lazer. Sem assistência, esses conjuntos foram ocupados pelo tráfico de drogas”.

A reportagem completa está disponível no jornal CadaMinuto Press que está nas bancas nesta sexta-feira (04)

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