O mar e a vassoura, duas realidades alagoanas

23/09/2013 08:54 - Welton Roberto
Por Welton Roberto
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É primavera em Alagoas! O cristalino mar verde-esmeralda se mistura ao azul turquesa e transforma o litoral alagoano em uma tela de pintura com imagens de um cenário único e inesquecível. Difícil não se apaixonar pela natureza que se debulha em encantos aos olhos mais ávidos e incrédulos daqueles que duvidam que tamanha beleza só se encontre em mares estrangeiros. Por todos os recantos o sol candente dá um verdadeiro espetáculo ao nascer e ao se por e o céu coalhado de estrelas ainda guarda espaço para poesias e suspiros românticos daqueles que curtem a lua beijando o mar em puro resplendor.

Por outro lado, em outro canto da capital do Estado a faxineira que recebeu mais de 500 mil reais da Assembléia Legislativa do Estado cuida de varrer os vestígios das sujeiras humanas que se espalharam por todos os lugares deixando rastros de fome, falta de saneamento básico, educação precária  e tenta, sem sucesso, cobrir o banho de sangue que vem assolando o solo alagoano nestes últimos oito anos. A saúde combalida pede socorro, mas em vão o corre-corre no HGE do estado e demais unidades de saúde garantem que nem a UTI é capaz de salvar os miseráveis que se amontoam adoentados por ali e sem padrinhos importantes. 

A farra do dinheiro público jorrando de forma sublime por contas de muitos fantasmas que recebem mais de 100 depósitos por ano sem que ninguém perceba vai comendo os milhões que deveriam ser investidos em saúde, educação, segurança e cultura e nos dá mostra que a beleza natural não é capaz, sozinha, de nos contemplar de forma absoluta.

Os mandatários de cargos eletivos em seus discursos polidos e com palavras bem escolhidas garantem que está tudo em ordem e dentro da lei e que o quase meio bilhão de reais gastos também com alguns fantasminhas faz parte do pacote político e da encenação rotineira programada a cada quatro anos para funcionar para eles.

Dinheiro público “de ninguém” financiando viagens, carrões, mansões e outras mordomias no estilo ‘tome os teus “cinquentinha” e me dê os meus milhões’ vai funcionando a todo vapor.

A nós restam o brilho do sol, o vento no rosto, o mar verde-esmeralda, a lua que beija plácida o mar, as estrelas que nos brindam todas as noites fazendo esquecer que a vassoura da faxineira de diamante continua fazendo seu serviço sujo e nojento e que amanhã vai ser outro dia.

Entre a vassoura e o mar existe um abismo que separa a beleza da canalhice, o cristalino do impuro, o encanto e o desencanto...

Pois é...É primavera em Alagoas...

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