A matemática na política

09/09/2013 13:57 - Welton Roberto
Por Welton Roberto
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Você investiria 4 milhões de reais em apenas três meses para receber pouco mais de 720 mil reais parcelados em 48 meses? Parece absurda a pergunta e ao mesmo tempo Ilógica sob o ponto de vista financeiro e acredito que o leitor esteja respondendo de forma absolutamente negativa ao questionamento maluco sobre esta conta aritmética. Pois existem muitos loucos que fazem e irão fazer tal “investimento”. Explico.

Dados de especialistas na área eleitoral dão conta que a campanha de um candidato à deputado estadual em Alagoas vai custar, em média, 4 milhões de reais. Pois bem, levando-se em consideração que um deputado estadual recebe como verba de representação 20 mil reais brutos e que depois dos devidos descontos tributários e previdenciários lhe sobra quase 15 mil reais líquidos ele estaria percebendo ao longo do seu mandato 18% apenas do que “investiu” na sua campanha. Os outros 82% ele simplesmente deixa de receber por conta da impossibilidade, ao menos matemática, de recompor os valores aplicados ao longo dos meses de campanha para convencer seus eleitores de que ele, e não outro concorrente, seria a melhor opção.

Mas daí poderia o nobre leitor do blogue sugerir que referido valor investido não seria somente pessoal, posto que a legislação eleitoral permite ao candidato receber doações de terceiros, sejam estes pessoas físicas e/ou jurídicas. Mas mesmo assim a matemática não fecha.

Alguém que tenha capacidade "contributiva" que possa alcançar a cifra dos quatro milhões deveria conseguir gerar como receita muito mais do que somente vinte por cento disso. Até porque não quero crer que a verba de gabinete da ALE que hoje é de 39 mil reais mensais para que os parlamentares possam gastar com as despesas de seus respectivos gabinetes e a verba de 75 mil reais para que possam pagar até o limite de 25 assessores sejam indevidamente apropriadas pelo respectivo  parlamentar. Isso seria conduta criminosa e incompatível com a função para o qual prometeram empenho - em época de campanha eleitoral -  em nome da população, geralmente a mais pobre, de nossa combalida Alagoas.

E o que receberiam seus colaboradores em troca da gentil contribuição? Atividade parlamentar não gera, a princípio, riqueza ou investimentos, mas produção de leis e só. Ou não?  

Mas, ainda assim, fica a dúvida: o que levaria alguém a gastar toda essa fortuna para receber de volta menos do que vinte por cento dela? Poder? Fama? Status? Altruísmo? Solidariedade? Capacidade de desenvolvimento social, cultural e econômica do Estado? Desprendimento material? Vontade de auxiliar o próximo? Atos franciscanos? 

Taí mais um mistério que nem em Saramandaia conseguiria  ser explicado...   

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