O anúncio da chegada de estrangeiros contratados pelo Governo Federal para trabalhar no Programa Mais Médicos em municípios alagoanos reforçou a insatisfação do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed) sobre o assunto. De acordo com o presidente da entidade, Wellington Galvão, a atuação dos profissionais do exterior não interfere no trabalho dos médicos alagoanos.
Galvão afirmou que a experiência dos médicos estrangeiros com pacientes no interior de outros estados tem sido preocupante e relatado por médicos brasileiros.“Eles não conhecem o funcionamento do serviço público do Brasil, nem tão pouco conhecem os nossos medicamentos básicos, como remédio para verme. Alguns médicos que já estão trabalhando junto com eles afirmam que eles não têm experiência nenhuma para tratar esses pacientes”, assegurou.
O sindicalista garante que a proposta do Governo Federal é um “programa eleitoreiro” e coloca em risco a vida da população. “No momento de assumir uma responsabilidade, nós não vamos saber de quem cobrar. Os Conselhos estão sendo obrigados a fornecerem CRM provisórios para eles, mas quem irá responder em caso de erro médico?”, questionou Galvão.
Em Alagoas, as cidades de Arapiraca, Joaquim Gomes, Água Branca, Igreja Nova, Inhapi, Mata Grande, Pariconha, Teotonio Vilela, Traipu, São José da Tapera, Ouro Branco, Jacuípe e Girau do Ponciano serão os primeiros municípios a receberem os médicos estrangeiros. Todos os municípios, exceto Pariconha e Traipu, receberão dois profissionais. Os médicos já estão em Recife realizando treinamento sobre o funcionamento do SUS e a situação de Saúde no país e, em especial no Nordeste, e devem chegar ao Estado entre os dias 14 e 17 deste mês.
Além dos profissionais estrangeiros, médicos brasileiros também virão para Alagoas. Cerca de 11 profissionais estarão trabalhando nos municípios de Arapiraca, Branquinha, Joaquim Gomes, São Miguel dos Milagres, Maragogi e Santana do Mundaú.
Galvão coloca que o Governo Federal deveria oferecer mais equipamentos para os postos de saúde, comprar medicamentos, investir na construção de hospitais e no plano de carreiras para os médicos que quiserem realizar o atendimento no interior. “Além de tudo isso, deveria ter também políticas públicas para saúde. O nome Mais Médico é muito bonito, mas esse programa é um absurdo”, completou.