Do que os deputados têm medo?

29/08/2013 09:04 - Welton Roberto
Por Welton Roberto
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            Sem fazer qualquer juízo de valor acerca das condutas individuais dos nobres deputados da nossa “producente e importante” Assembléia Legislativa do Estado, fico me perguntando, do que é que eles têm medo?

Se o Presidente garantiu e parece que bradou de forma tão convincente que  até o também altivo e enérgico governador do Estado acredita de que ali está tudo dentro dos conformes, ou seja, não há nada de ilegal, ainda que uma faxineira receba parcos 30 mil reais em um único mês, ainda que alguém que esteja na Austrália tenha em sua conta depositada mais de cem salários por ano, ainda que inúmeros “servidores” comissionados recebam gratificações que ultrapassem os níveis e limites do teto vencimental da Presidente da República do Brasil.

E quero crer que nada disso, ainda que tenha acontecido, seja ilegal. Pelo bem da população alagoana que tem que tomar pozinho de pirlimpimpim ao invés de um comprimido de dipirona nos postos de saúde porque estes sim estão em petição de miserabilidade total, recebendo quase nada, porque para eles parece que existe uma tal de lei de responsabilidade fiscal que impede que haja alguns bons investimentos, onde as faxineiras recebem muito aquém do que no auspicioso e importante poder legislativo do Estado de Alagoas. Para a saúde parece que os ouvidos moucos palacianos não conseguiram ouvir os brados retumbantes da população, é o que parece...

Então, senhores deputados e senhoras deputadas, por que temer a CPI? Por que não assinam o requerimento que possibilite a população alagoana descortinar de vez o que acontece nesta misteriosa Casa de Tavares Bastos? Se está tudo certo e não há nada de ilegal ou imoral ou que engorde, vamos deixar tudo transparente, para o bem de todos vocês que ocupam um mandato confiado por essa população que mendiga por serviços públicos essenciais há anos.

Não quero e não irei, como disse no início do texto, valorar condutas pessoais de cada parlamentar, mas já passou da hora do jogo de cena acabar. Não se pode deixar que a população acredite que (in)exista corrupção sem uma demonstração cabal, de forma linear, sem subterfúgios, sem mais-mais, para que aquele poder cumpra seu papel republicano sem estar sendo um peso, um câncer nas contas públicas de um estado paupérrimo.   

Se todos os gastos estão dentro da lei de responsabilidade fiscal, se todos os fantasmas, ops, desculpem, se todos os parasitas, ops, desculpem de novo, se todos os eméritos funcionários briosos e cumpridores de horário e dever estão cumprindo seu papel e recebendo de forma digna para isso, não há porque o temor de uma CPI conduzida por eles mesmos, ou seja, os próprios deputados serão os investigadores de suas próprias contas!!!   E ainda assim temem? Imagine se eu propusesse que houvesse uma comissão composta pela sociedade civil organizada com auditores independentes para se fazer uma análise e devolver àquele poder a tranqüilidade e a serenidade de que todos precisamos para que realmente desenvolvam suas atividades e sirvam de canal de interlocução da sociedade.

Mas será que como Martin Luther King terei que relembrar aquele discurso de cinqüenta anos atrás e dizer: “ I have a dream...”? 

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