O bafafá em torno de Marina Ruy Barbosa, que ficaria careca em "Amor à vida", foi tão grande que Walcyr Carrasco acabou voltando atrás e desistindo da cena em que a atriz teria que raspar os fios. Mas não é a primeira vez que o autor escreve uma personagem que precisa ficar careca aos olhos do telespectador. A atriz Rachel Ripani passou por uma situação parecida com a que estava prevista para Marina na novela “Caras e bocas”, de 2009, também de Walcyr. Na época, ela raspou a cabeleira ruiva para dar vida a Tatiana, que tinha câncer de mama.
— O Walcyr me ligou e disse que gostaria que eu fizesse. Achei importante e topei, mas depois fiquei me convencendo de que isso era o certo. Na época, me disseram que eu rasparia uma vez só, mas tive que fazer de novo — disse ela.
Quando terminou a trama, Rachel estava com 1,5cm de cabelo e desempregada. Aliás, ela diz que uma grande preocupação ao topar ficar careca é com o emprego porque fica mais difícil conseguir papéis.
— Minha sorte foi ser contratada para estrelar o musical da Broadway “Mamma mia” e fiquei na peça por dois anos. Lá, eu usava peruca — conta a atriz, que ficou sem frequentar salões de beleza por um ano: — Não tinha o que fazer lá, né!
Quatro anos depois de “Caras e bocas”, Rachel está com o cabelo na altura dos ombros e conta que é “superapegada” a ele.
— Não faria de novo. Acho que já dei minha contribuição. Foi um desafio para mim e fico feliz de ter superado. Sinto orgulho! — afirma Rachel, que ficou muito triste careca: — Tem uma parte legal, que é você se conectar com o personagem e servir de espelho para mulheres da vida real. Muita gente na rua falava comigo chorando porque estava triste. Mas a carga dramática é muito grande. O personagem não sai de você.
No caso de Marina, Walcyr bateu o martelo e disse que a ruiva, que tem as madeixas mais cobiçadas da Rede Globo, não precisará raspar a cabeça.
— Achei a atitude dele generosa. Ela claramente não queria ficar careca. Talvez, se ela tivesse que fazer, poderia parecer uma punição, sei lá — ponderou a atriz.
Na época, Rachel ficou quatro meses sem conseguir sair e relutou a assumir a careca: ela só colocava o pé para fora de casa com peruca ou lenço porque ficava desconfortável.
— Naquela época, senti como se estivesse perdendo uma parte de ser mulher, mas entrei em outro patamar — explica a atriz, que está gravando a série “Passionais”, que entra o ar em outubro na GNT.