A Justiça do Rio Grande do Sul prorrogou nesta sexta-feira por 30 dias a prisão temporária de dois sócios-proprietários da boate Kiss e de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira devido ao incêndio na casa noturna em Santa Maria (RS). Os donos Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffmann, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor Luciano Augusto Bonilha Leão estão detidos desde a última segunda-feira.

A prorrogação foi concedida pelo juiz plantonista Regis Adil Bertolini, da Comarca de Santa Maria, depois do parecer favorável ao pedido da polícia dado ontem pelo Ministério Público. De acordo com o magistrado, o delegado apresentou novas declarações de testemunhas, que indicaram que o comportamento dos quatro envolvidos pode ter desencadeado o incidente.

Na decisão, o juiz destacou que Mauro Hoffmann sabia e acompanhava tudo o que se passava no estabelecimento. Em depoimento, uma funcionária relatou que Kiko tinha pouco cuidado com relação à segurança - tendo sido constatado que nenhum extintor de incêndio funcionava - e que não tinha controle quanto à lotação da casa noturna, sem observância da capacidade máxima permitida.

Quanto ao produtor da banda, Bonilha, o dono da loja onde foram comprados os fogos disse em depoimento que alertou que o sinalizador não era adequado para ambientes internos. Além disso, há sete anos o produtor utilizava os artefatos em shows e, em decorrência disso, tinha ciência dos riscos.

Em relação ao vocalista Marcelo, a decisão diz que ele também tinha conhecimento do perigo, pois manuseava os fogos acoplados à mão. "Além disso, após perceber o fogo, seu comportamento teria sido determinante para o desenrolar dos fatos, pois não avisou o público do que estava ocorrendo." O processo agora passa a tramitar na 1ª Vara Criminal de Santa Maria, sob análise do juiz Ulysses Fonseca Louzada.