Pesquisa divulgada pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) revela que o número de assassinatos de homossexuais no Brasil saltou de 122 casos em 2007 para 336 em 2012. Alagoas ocupa o primeiro lugar com o registro de 22 mortes em 2012, representando uma média de 5,6 mortos por milhão de habitantes.
O presidente do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), Nildo Correia afirma que “apesar de haver uma lei municipal de combate à homofobia é preciso que seja aprovada uma lei a nível nacional. Há mais de uma década estamos lutando por isso”.
O Projeto de lei da Câmara 122 de 2006, conhecido como PL 122, tem por objetivo criminalizar a homofobia no país. “Infelizmente o documento está há anos engavetado. Existe uma barreira da bancada fundamentalista que não permite a sua aprovação. É preciso que as pessoas estejam cientes que tem o direito de gostar ou não de homossexuais, mas o que não podem é descriminalizar”, afirmou Nildo.
Dados
O GGB revela na pesquisa que o Brasil registra o assassinato de um homossexual a cada 26 horas. Os gays lideram os homicídios com 188 casos (56%), seguidos de 128 travestis (37%), 19 lésbicas (5%) e 2 bissexuais (1%). Esses dados são mais elevados na região Nordeste que é considerada a mais homofóbica do Brasil, que com 28% da população brasileira, concentra 45% das mortes, seguido de 33% no Sudeste e Sul e 22% no Norte e Centro Oeste.
Segundo o coordenador da pesquisa, o Professor Luiz Mott, antropólogo da Universidade Federal da Bahia, “a subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, já que nosso banco de dados é construído a partir de notícias de jornal, internet e informações enviadas pelas Ongs LGBT, e a realidade deve certamente ultrapassar em muito tais estimativas.
Em Alagoas, no município sertanejo de Olivença, 10 mil habitantes, a travesti Soraia, 39 anos, foi amordaçada, teve pedaços de madeira introduzidos no ânus e o pênis queimado com álcool. Sobreviveu alguns dias, com muitas dores, exalando odor de podridão, até que foi operada, sendo retirado do intestino grosso um pedaço de madeira de 15 cm, morrendo logo a seguir com infecção generalizada.
Identificação
Quanto aos autores destes crimes homofóbicos, apenas 1/4 dos homicidas foram identificados nos inquéritos policiais. Destes, 17% tinham menos de 18 anos, demonstrando o altíssimo índice de homofobia entre os jovens abaixo de 30 anos, representando 85% . Os outros 21% desses crimes foram praticados por 2 a 4 homens, aumentando ainda mais a vulnerabilidade da vítima.
O Grupo Gay da Bahia disponibiliza em seu site http://homofobiamata.wordpress.com/ o banco de dados completo com todas as notícias de jornal, vídeos, tabelas e gráficos sobre todos os 338 assassinatos de LGBT de 2012.