Nesta sexta-feira, 28 de dezembro de 2012, completa-se 20 anos da morte da atriz Daniella Perez, filha da autora de novelas, Gloria Perez.
A morena foi assassinada por Guilherme de Pádua - seu então companheiro de elenco na novela "Corpo e Alma" (1992) - e por Paula Thomaz, esposa do ator na época. Isso, obviamente, fez com que o caso tomasse proporções gigantescas na mídia nacional e internacional.
A notícia, como era de se esperar, foi um choque para a família da vítima, que não fazia ideia que o então colega de profissão poderia cometer um crime tão bárbaro.
Ainda hoje, a história repercute. Gloria Perez, inclusive, perdeu a paciência recentemente após ver o homem que matou sua filha dando entrevista para a rede Record. Nas redes sociais, ela o insultou, dentre outras coisas, de "michê vagabundo". Isso porque quando o rapaz, que é de Minas Gerais, chegou ao Rio de Janeiro, ele foi trabalhar em uma casa noturna. Essa informação foi divulgada no blog da escritora: “Daniella Perez – Arquivos de um Processo”.
Além da moça, quem certamente sofreu um duro golpe com o ocorrido foi o ator Raul Gazolla, marido de Daniella. Procurado pelo Famosidades, o artista não quis dar detalhes sobre o assunto, e disse discordar do fato de ser feito qualquer alarde à lembrança dos 20 anos da morte da atriz. “Não tenho o menor interesse em falar sobre isso”, disparou.
Entretanto, embora desconfortável com a conversa, o ator deu sua opinião, ainda que de forma indireta, sobre a condenação de Guilherme de Pádua e fez críticas às leis do País.
“A única coisa que eu tenho para dizer é que o Brasil tem um Código Penal muito falho. Aqui em qualquer crime, seja deste tipo ou de qualquer outro, o culpado fica preso por alguns anos e é solto. Em outros países isso não acontece”, enfatizou, deixando claro que a pena de quase sete anos cumprida por Pádua foi insatisfatória.
Como cidadã brasileira, a jornalista Nadja Haddad também se pronunciou sobre o assunto. Antes de assumir o cargo de apresentadora na Band, a profissional fez três anos de faculdade de Direito e, boa entendedora das leis, também não concordou com a sentença do assassino confesso.
“Acho que o Brasil peca muito pela não aplicação do código penal como deve ser. Eu ainda questiono muito a justiça daqui. Acho inadmissível as pessoas cometerem esse tipo de crime e conseguirem sair da cadeia em tão pouco tempo.”
No papel de observadora do caso, Nadja foi solidária à família de Daniella e se mostrou incomodada com os desdobramentos do caso. “A justiça deveria ser muito mais rigorosa. Acho uma falta de respeito com a família da menina, que continua sofrendo. Eu fico indignada, acho revoltante”, completou.
Entenda o caso
Segundo o inquérito, Daniella Perez morreu no dia 28 de dezembro de 1992, enquanto voltava para casa depois de um dia de gravações no Projac, na rede Globo, localizado no bairro de Jacarepaguá, Rio de Janeiro.
De acordo com Guilherme de Pádua, a atriz teria sido convencida por ele a acompanhá-lo para os dois conversarem sobre assuntos pessoais. Ele, então, a levou em direção a uma região deserta da Barra da Tijuca e a matou com 18 tesouradas.
A esposa de Guilherme, Paula Thomaz, estava no local na hora do assassinato e o auxiliou no crime.
Depois, por medo das consequências, ambos foram para casa e adulteraram a placa do carro, com o objetivo de evitar qualquer reconhecimento.
Quando o corpo da atriz foi encontrado, Guilherme não se entregou à polícia e ainda se mostrou abalado com a notícia, a ponto de abraçar e mostrar solidariedade aos entes queridos de Daniella, inclusive o então marido, Raul Gazolla.
O assassino confesso
Em recente entrevista ao noticiário “Domingo Espetacular”, da rede Record, exibida no dia 9 de dezembro, Guilherme de Pádua contou sua versão do caso e afirmou ter se arrependido do que fez.
'Eu me sinto extremamente culpado. Se fosse só a minha ex-mulher e a Daniella, não existiria crime', disse ele.
Se mostrando indignado com a atrocidade que a ex-esposa, segundo ele, cometeu com Daniella - uma vez que ele atribuiu a Paula a morte da atriz - Guilherme afirmou: 'Eu perguntei por que ela tinha feito e ela disse: 'Isso é para eles [a polícia] pensarem que foi algum fã maluco, porque fãs malucos fazem isso'”.
Já quando perguntado sobre o que ele diria para Gloria Perez 20 anos após a morte de Daniella, o ex-artista não soube exatamente o que responder: “Não sei. Pediria perdão”.
O envolvimento da Record
Ao que tudo indica, o assassino de Daniella Perez teria recebido uma quantia em dinheiro da rede Record para atender ao pedido da emissora e dar uma entrevista exclusiva ao “Domingo Espetacular”, contando a sua versão do crime.
Assim que a entrevista foi exibida, tanto o criminoso quanto o canal dos bispos começaram a ser bombardeados com duras críticas nas redes sociais.
Nem Gloria Perez ficou calada depois de assistir ao depoimento do homem. Enquanto a entrevista era exibida, a novelista publicou diversas mensagens alfinetando Guilherme de Pádua e desmentiu todas as afirmações que ele deu durante a conversa com o apresentador Marcelo Rezende.
Segundo ela, o crime aconteceu por Guilherme não ter gostado de ter o seu papel na novela “De Corpo e Alma” reduzido. 'Esse FDP, porque estava sendo reduzido na novela, vingou-se: emboscou Daniella, desacordou com um soco, deu 18 estocadas e foi abraçar nossa família', postou Gloria.
A autora da novela “Salve Jorge” também mostrou sua reprovação à emissora paulista. “Que bom! Só falta a Record agora fazer uma mensagem de fim de ano com Nardoni [condenado pela morte da filha Isabela], Guilherme [de Pádua], Beira-Mar [Fernandinho – líder criminoso], etc. Só falta isso”, escreveu no Twitter.
Segundo informações do “Jornal do Brasil”, Guilherme de Pádua teria recebido R$ 18 mil para revelar os supostos detalhes da morte de Daniella Perez.
A condenação
Em 1997, cinco anos após a morte de Daniella, Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram condenados à prisão. Isso aconteceu após um abaixo-assinado para enquadrar o assassinato na categoria de crime hediondo - homicídio qualificado - ser realizado.
O ex-ator foi condenado a 19 anos de prisão em regime fechado, enquanto sua então esposa pegou 18 anos de cadeia. No entanto, os assassinos confessos mostraram bom comportamento e foram libertados após quase sete anos de cumprimento da pena.
A missa
Apesar do pouco tempo em que ficou à frente das telinhas, Daniella Perez garantiu o carinho de alguns fãs. Após sua morte, a comoção em torno do caso tomou grandes proporções e seus admiradores fizeram questão de lutar por sua paz de espírito.
Por isso, assim como acontece desde o falecimento da morena, será celebrada uma missa para lembrar os 20 anos da morte de Daniella Perez nesta sexta-feira (28), na Paróquia da Ressurreição, no bairro de Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro. A cerimônia deve ter início às 19h.