“Os médicos não vão aceitar essa decisão e irão aguentar as consequências. É incrível ver a Justiça de Alagoas agindo como ‘carrasco dos trabalhadores’. Porque é assim que acontece cada vez que uma greve é decretada e os servidores tentam lutar pelos seus direitos”. A declaração é do presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), Wellington Galvão, em entrevista ao CadaMinuto, criticando o posicionamento do Tribunal de Justiça com o decreto de ilegalidade da paralisação na saúde.

Apesar de ter recebido, na noite de ontem, a notificação, a categoria realizou assembleia e votou a favor da greve, ignorando a decisão do desembargador-presidente do órgão. Para o presidente da entidade, é inadmissível a postura do TJ já que o direito de greve está previsto na Constituição Federal. “Temos o direito de reivindicar e cobrar soluções para os problemas que os médicos enfrentam, que são conhecidos e que já perduram por anos. Mas esse direito não é nos dado como deveria acontecer”, disse Galvão. 

O médico voltou a acusar o Governo do Estado como sendo o maior responsável pelo caos que vive a Saúde Pública em Alagoas e afirmou que a categoria não teme o descumprimento nem possíveis prisões de membros do sindicato, como ocorreu na última paralisação dos médicos-legistas do Instituto Médico Legal. 

“Quem deveria ser preso é o próprio governador, que sabe a situação dos hospitais, sem estruturas, sem médicos suficientes e ainda assim não busca o diálogo com a categoria. Naquela época estávamos lutando pela dignidade dos mortos e agora vestimos a camisa para lutar pelos vivos. Lamentamos esse posicionamento do TJ, mas a decisão de manter a paralisação foi de toda a categoria, por isso se tivermos que ser presos, seremos”, acrescentou. 

Os médicos desejam a concretização do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) que há anos é discutido, porém, até o momento não foi implantado. A categoria pede também a realização imediata de concurso público para aliviar a sobrecarga dos servidores e resoluções antigas de questões estruturais. 

A expectativa do Sinmed é de que cerca de 1,3 mil médicos sigam a greve por tempo indeterminado e com isso haverá a suspensão dos atendimentos nos ambulatórios do Estado, funcionando apenas os 30% dos serviços nas unidades de saúde de emergência, onde os profissionais da saúde atuam. 

Na manhã desta terça-feira (11), alguns ambulatórios funcionavam normalmente, mas segundo Galvão, representantes do sindicato estiveram nos locais e conversaram com os médicos explicando a necessidade de uma adesão total de todos na paralisação.