A despedida

26/11/2012 06:53 - Welton Roberto
Por Redação
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O ato de se despedir por si só gera uma ponta de tristeza. Saudade de coisas boas e o clima melancólico sempre acabam tomando conta da ocasião. Não por vezes a nostalgia do momento se derrama em lágrimas incontidas e palavras faltam para expressar o momento.

Esta porém não será assim.

Despeço-me da OAB com a mesma alegria e entusiasmo com que cheguei. Saio com a fronte erguida e com sentimento de que chegou realmente a hora de partir e não mais voltar. Parto por escolha dos companheiros advogados e advogadas que entenderam não ser mais devida nossa caminhada. Decido não mais retornar por opção já feita muito antes do pleito eleitoral que tivemos.

A OAB para mim foi uma intensa paixão. Trabalho voluntário, aguerrido e destemido por uma entidade que levou bons sete anos e meio de meu tempo. Os amigos que fiz, e foram muitos, hoje posso contabilizar como companheiros de muitas lutas e ao lado deles, quando precisarem de mim, estarei.

Não levo qualquer mágoa ou ressentimentos de quem quer que seja, embora saiba que em pleitos eleitorais acirrados e ácidos como este último as ofensas acabam tomando conta do momento. Àqueles que assim agiram o perdão é a palavra ofertada, bem como também o peço aos que se sentiram por mim, de alguma forma, ofendidos.

Saio com a leveza de quem está feliz por partir e com a tranquilidade de que não mais voltar também é o marco primeiro do tom de despedida saudável e fraterna.

Terei mais tempo para minhas outras paixões. Meus filhos, minha esposa, a sala de aula, a corrida de rua, meus estudos, meus livros jurídicos e literários que serão publicados em 2013.

Terei mais tempo para outros projetos e sonhos como ser professor externo convidado da UNiversidade de Pavia na Itália.

Estarei me dedicando integralmente à minha carreira de advogado criminalista que precisa ser alimentada todos os dias com amor, paixão, esperança, paciência, coragem e serenidade.

Terei mais tempo para os amigos, para várias causas que entender justas e para o "ócio produtivo". Terei mais tempo para reflexões.

Utilizarei do tempo extra como um aliado. E quando bater aquela saudade dos bons embates nos conselhos seccional e federal abrirei um sorriso e vou lembrar de como é bom estar livre para junto da família curtir o final de semana sem o estresse das viagens madrugada a dentro.

Aos meus guerreiros e guerreiras das prerogativas deixo a semente plantada e a certeza de que eles poderão contar comigo sempre. Vivemos três meses de sonhos e ideais que marcaram nossas vidas indelevelmente. À eles não negarei a luta e a coragem para recomeçar, mas sem ocupar qualquer espaço no embate político da entidade da qual me despeço de forma absoluta com carinho, com amor e dizendo que foi bom enquanto lá estive.

Agora rogo e torço para que outros possam zelar pelo trabalho digno e altivo com  mais dedicação ainda e novas conquistas venham em benefício de todos. Sei que meus guerreiros estarão sempre atentos e vigilantes.

Eu, ser errante das batalhas justas, ficarei torcendo de longe para que tudo esteja bem, pois a despedida que hoje me chega é doce e conforta o tempo que passou transformando-o em boa saudade e a certeza de que outras paixões chegarão me anima e me encanta. Assim, digo sem melancolia, ADEUS, OAB!   

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