Doença oftálmica altamente contagiosa, o tracoma pode trazer diversas complicações, como fotofobia, dor, lacrimejamento e, principalmente, cegueira. Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, ela é transmitida com facilidade por contato direto com os olhos, nariz e secreções bucais de indivíduos afetados ou por meio de objetos contaminados.
Para conter o avanço da enfermidade em Alagoas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) está firmando uma parceria com o Conselho Regional de Medicina (Cremal). A ideia é capacitar, por meio do Ministério da Saúde (MS), um grupo de oftalmologistas e sensibilizá-los para que sejam multiplicadores e repassem os conhecimentos a outros profissionais.
A proposta foi apresentada em reunião na última quarta-feira (7) e, segundo a superintendente de Vigilância em Saúde, Sandra Canuto, visa possibilitar que os municípios empreguem os recursos liberados pela Portaria 2.556/2011. O documento contempla nove cidades alagoanas com um total de R$ 65 mil para implantação e fortalecimento da Vigilância Epidemiológica.
“O ministério destinou verbas para os locais com alta prevalência de tracoma. Apesar de terem recebido os valores, eles ainda não puderam realizar as ações devido à falta de profissionais capacitados. Por isso, queremos envolver os médicos para que eles sejam capacitados e possam diagnosticar e tratar a população dessas localidades”, explica a gestora.
Os municípios contemplados foram Estrela de Alagoas, Igreja Nova, Inhapi, Murici, Palmeira dos Índios, Poço das Trincheiras, Rio Largo, São José da Tapera e Traipu – todos com índices de contaminação acima de 10% entre os estudantes de 1ª a 4ª série. Além dos percentuais, a escolha levou em conta também o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Os profissionais qualificados farão triagens nas escolas e, após o diagnóstico clínico, os jovens com o problema serão tratados na própria cidade. Já os que tiverem complicações serão encaminhados para unidades de referência para a realização de cirurgias. A expectativa é alcançar 80% das metas de tratamento coletivo e de tratamento de casos e contatos domiciliares.
“Para isso, é importante essa parceria com o Cremal para que os profissionais se engajem e sejam multiplicadores para realizar tanto a prevenção entre os escolares quanto o diagnóstico eficaz. A prioridade da Sesau agora é auxiliar esses municípios, estendendo, posteriormente, para outras localidades onde a doença também esteja instalada”, afirma Sandra Canuto.
Doença - O tracoma é uma inflamação crônica da conjuntiva e da córnea, cuja principal fonte de infecção é o contato com pessoas ou objetos infectados. Os insetos também podem atuar como vetores mecânicos, em especial a mosca doméstica. O período de incubação vai de 5 a 12 dias e indivíduos de até 10 anos com infecção ativa são considerados o maior reservatório de transmissão.
A doença é transmissível enquanto persistirem as lesões ativas e continua a ser uma das enfermidades de maior disseminação no mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima a existência de 150 milhões de pessoas com tracoma no mundo, das quais aproximadamente seis milhões são cegas. A entidade propõe a eliminação como causa de cegueira até o ano de 2020.