Apreensão de celulares, acusações e a possibilidade da instalação de um sistema de segurança para bloqueio de celulares. Assim é o cenário do sistema prisional alagoano, que coloca em rota de colisão o Governo do Estado, a justiça e os agentes penitenciários, colocados como eternos suspeitos.

Recentemente, uma ação da 16ª Vara Vara Criminal de Execuções Penais da Capital, encabeçada pelo juiz José Braga Neto, realizou um evento para apresentar e destruir cerca de 2.500 celulares que foram apreendidos no sistema prisional.

Na oportunidade, Braga Neto afirmou que investigações estavam sendo realizadas e que os culpados seriam severamente punidos, deixando claro que a ação ilícita estaria partindo de dentro do sistema, ou seja, por parte de servidores.

Uma semana depois, um funcionário da cozinha do presídio Baldomero Cavalcante foi preso em flagrante tentando entrar na unidade prisional, com seis celulares, carregadores, chips, além de dez litros de aguardente. Após algumas investigações, foi constatado que o acusado estava sendo ameaçado por reeducandos, o que não evitou a sua prisão.

Além das investigações de possíveis envolvimentos de novos trabalhadores do sistema no esquema, a implantação de um sistema eletrônico de bloqueio de celulares no sistema está sendo tratada e chegou a ser colocado em prática, mas não mais está em funcionamento.

Segundo o juiz Braga Neto, um problema no alcance do sistema está impossibilitando a sua instalação efetiva. “Temos um problema que precisa ser resolvido. O alcance do sistema é maior do que o esperado e além de bloquear telefones nos presídios, faz o mesmo na vizinhança, ou seja, nas casas e até na universidade (Ufal). Estamos analisando essa situação junto com a administração penitenciária. Solucionando esse problema, temos certeza que será de grande importância”, afirmou.

A reportagem do CadaMinuto buscou contato com a administração penitenciária, mas não obteve êxito, sobre detalhes do sistema, bem como um prazo para sua instalação definitva.

Agentes se defendem de denúncias

O outro lado da situação se refere aos agentes penitenciários, colocados na maioria dos problemas internos, como suspeitos das ações ilegais no sistema prisional. Segundo o presidente Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen), Jarbas Souza, afirmou que as apreensões foram fruto do trabalho dos agentes e não da justiça, com quem parecem estar estremecidos, depois de declarações do magistrado Braga Neto.

“A apreensão desses celulares é fruto do nosso trabalho. Sem falar, que esses aparelhos nem foram todos encontrados no interior dos presídios e resultado de apreensões. Além disso, estamos buscando fórmulas de pedir uma retratação do juiz Braga Neto, que apontou os agentes como responsáveis por esses problemas”, criticou.

Ainda sobre a entrada de aparelhos no sistema e lembrando do último ocorrido, onde um servidor foi preso tentando entrar com equipamentos na unidade, Jarbas Souza afirmou que não existe qualquer trabalho junto aos companheiros de categoria, uma vez que isso apenas fomentaria a desconfiança.

“Nós sabemos o trabalha que estamos fazendo. Acho que o sistema é falho, vulnerável e permite isso, mas nem por isso somos culpados. Não trabalhamos esses lado de conscientizar, porque estaremos alimentando a desconfiança apontada por muitos”, afirmou.

O sindicalista ainda afirmou que uma solução para esta situação seria o reforço das corregedorias, analisando caso a caso e não deixando que a suspeita paire sobre as irregularidades no sistema prisional alagoano.