Desde que o termo “egodistônico” passou a fazer parte do meu vocabulário que procuro encaixá-lo em situações diferentes daquela na qual o conheci em princípio. E eis que o momento chegou.

Antes, explico: entendo que egodistonia se dá quando pensamos, sentimos e nos comportamos de modo conflitante com aquilo que aceitamos, que tomamos como correto e que dizemos ser a forma como todos devem agir.

Conheci a palavra sendo aplica num contexto de opção sexual, onde atribuíram ao “homofóbico” (pessoa que creio que não seja) o homossexualismo egodistônico (em tom pejorativo, o que também não creio ser adequado). Mas, enfim, tal termo poderá ser aplicado sem exageros e distorções às eleições.

E isso se dá de forma bem clara e óbvia.

Aqueles que acompanham as eleições da OAB (da qual tenho participado de forma ativa) devem estar vendo companheiros de classe se alfinetando reiteradamente, quando não, se atacando de forma contundente e desavergonhada, muitas vezes por razões tão baixas que penso que essas pessoas não têm a real noção do dever do advogado e de qualquer operador do direito.

Mas o caso se torna egodistonia crônica quando os mesmos que atacam de forma vil, que se comportam de forma reprovável, mentindo, caluniando e desacatando pares irresponsavelmente, momentos depois surgem com discursos inflamados pela moralidade, verdade e ética.

Oscar Wilde dizia que ética é aquilo que as pessoas fazem quando estão sendo observadas, mas que o que fazem quando ninguém está olhando é caráter.

Parece que o escritor tinha razão.

Pautemo-nos não pelo que os outros parecem ser, mas pelo que somos e fazemos para ser.