Não existe opção militar frente ao Irã, diz Patriota ao presidente de Israel

15/10/2012 17:52 - Brasil/Mundo
Por Redação

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, se encontrou neste domingo com os principais líderes de Israel e expressou o desacordo do Brasil com qualquer ação unilateral e a preocupação do Itamaraty com as ameaças de ataque ao Irã.

Segundo comunicado de seu gabinete, o presidente de Israel, Shimon Peres pediu que o governo brasileiro evite encontros com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. A nota do gabinete de Peres criou um certo constrangimento na comitiva do chanceler Patriota, que negou que o presidente israelense tenha pedido que o Brasil boicotasse o presidente iraniano.

No entanto, o gabinete de Peres reiterou que o pedido teria sido feito. Consultado pelo Terra, o embaixador Tovar da Silva Nunes, porta-voz do Itamaraty, afirmou que "se o pedido tivesse sido feito, o chanceler teria manifestado a posição do Brasil de manter o diálogo com todas as partes e não fechar portas". "No entanto, nos vimos na obrigação de corrigir uma inexatidão", afirmou Nunes, em referência ao pedido de boicote.

"Sombra" do Irã
Ainda segundo o comunicado de Peres, o presidente de Israel disse ao chanceler brasileiro que "a questão iraniana é uma sombra pesada que paira sobre toda a região, o Irã ameaça destruir um povo, nega o Holocausto e financia o terrorismo".

Shimon Peres defendeu a posição de Israel de manter "todas as opções sobre a mesa", inclusive a opção de uma ação militar contra o Irã, caso o país persa não ceda às sanções internacionais e não interrompa seu programa nuclear. Já o chanceler Patriota afirmou que "para o Brasil, a opção militar não existe". De acordo com o chanceler brasileiro, as únicas opções possíveis para resolver a questão iraniana são as "opções legais".

Perspectivas diferentes
Para o embaixador de Israel no Brasil, Rafael Eldad, que acompanha a visita de Patriota, a perspectiva do Brasil sobre as ameaças iranianas é "completamente diferente" da perspectiva de Israel.

"O Brasil é um país grande, com fronteiras pacificas, e distante do Oriente Médio, portanto não sente a mesma ameaça que Israel sente", disse Eldad ao Terra, analisando as divergências entre os dois países. A questão iraniana dominou a pauta da maioria dos encontros de Patriota em Israel.

O chanceler brasileiro também se encontrou com o ministro de Inteligência e Energia Atomica, Dan Meridor e com o ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman. Em uma breve declaração à imprensa, ao receber o chanceler do Brasil, Lieberman comparou as ameaças do Irã de destruir Israel às ameaças do regime nazista de exterminar os judeus antes da Segunda Guerra Mundial.

"Naquela época tentaram apaziguar o regime nazista, causando uma tragédia para o povo judeu", afirmou Lieberman, "espero que o mundo ocidental não repita o mesmo erro". Ao lado de Lieberman, Patriota expressou sua esperança de que "a razão prevaleça".

De acordo com o gabinete de Patriota, o encontro com o primeiro ministro Binyamin Netanyahu foi mais voltado para questões de cooperação econômica e tecnológica, embora a questão iraniana também tenha sido abordada.

Israelenses e palestinos
Na maioria de suas reuniões com líderes israelenses, o chanceler Patriota expressou a "preocupação do Brasil com a paralisia do diálogo entre israelenses e palestinos". Os líderes israelenses atribuíram a responsabilidade pela ausência de negociações à liderança palestina, que exigiu o congelamento da construção dos assentamentos na Cisjordânia.
Nesta segunda-feira, Patriota deverá ir a Ramallah para se encontrar com os principais líderes da Autoridade Nacional Palestina.

Palestinos ouvidos pelo Terra antes da visita afirmaram que esperam a ajuda do Brasil para obter o reconhecimento como Estado observador na ONU. Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro, a presidente Dilma Rousseff reiterou a posição do Brasil em favor da admissão do Estado Palestino como membro pleno das Nações Unidas.

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