Prêmio Nobel da Paz de 2012 vai para a União Europeia

12/10/2012 09:00 - Brasil/Mundo
Por Redação

O Prêmio Nobel da Paz de 2012 foi atribuído nesta sexta-feira (12) à União Europeia. O anúncio foi feito em Oslo, pelo comitê que outorga o prêmio desde 1901.

O comitê justificou o prêmio citando o papel que o bloco europeu exerce, há longo tempo, para promover a união do continente.

A União Europeia e as instituições que a precederam em sua formação "contribuíram durante mais de seis décadas para a paz e a reconciliação, a democracia e os direitos humanos", disse Thorbjoern Jagland, presidente do comitê do Nobel.

O comitê saudou o bloco, atualmente com 27 países, por ter reconstruído a região após a Segunda Guerra Mundial e o por ter semeado a estabilidade nos países do antigo bloco comunista, após a queda do Muro de Berlim, em 1989.

"Durante um período de 70 anos, Alemanha e França se enfrentaram em três guerras (1870, 1914-18 e 1939-45). Hoje em dia, uma guerra entre Alemanha e França é impensável", disse Jagland.

"Isto demonstra como, através de um esforço bem encaminhado e da construção da confiança mútua, inimigos históricos podem virar sócios próximos", completou, sem deixar de lembrar também das "graves dificuldades econômicas e problemas sociais consideráveis" que o bloco atualmente enfrenta.

surpreendente premiação da União Europeia ocorre em um momento em que o bloco político e econômico é abalado por uma forte crise econômica, que põe à prova a unidade regional, com profundas divisões entre os países do sul do continente, como Portugal, Grécia, Itália e Espanha, muito afetados pela crise da dívida e sob pesadas políticas de austeridade, e os do norte, mais ricos, liderados pela Alemanha.

A Noruega, anfitriã do Nobel da Paz, não é integrante da UE e não pretende aderir ao bloco, segundo seu premiê.

A TV pública do país, a NRK, antecipou o nome do vencedor, cerca de uma hora antes do anúncio oficial.

O prêmio, equivalente a US$ 1,2 milhão, vai ser entregue em uma cerimônia em Oslo em 10 de dezembro.

Nascida das ruínas da Segunda Guerra Mundial e sob o estímulo dos seis países signatários do Tratado de Roma em 1957, a União Europeia, então batizada de Comunidade Europeia, ajudou a estabilizar um continente havia séculos acostumado aos conflitos.

Apesar das crises registradas durante seu crescimento, o bloco teve sucesso ao unir os destinos de antigos inimigos.

Virou o maior mercado comum e uma grande potência econômica mundial, onde a livre circulação de bens, pessoas, serviços e capitais está garantida.

Ao longo dos anos, o projeto se expandiu até englobar 27 Estados situados dos dois lados da antiga Cortina de Ferro, que separava os países ocidentais das nações do bloco comunista.

O espaço tem grandes divergências econômicas, sociais e culturais.

Dos 27 países da União Europeia, 17 estabeleceram uma união monetária, a Eurozona.

A história da União Europeia foi marcada por outros momentos graves, que questionaram sua missão e eficácia, como a de sua impotência ante a explosão da guerra dos Bálcãs após a desintegração da Iugoslávia e a tardia intervenção para acabar com o conflito na Bósnia (1992-1995).

A atribuição do Nobel provoca certa controvérsia por conta do papel da União Europeia no âmbito diplomático, no momento em que o bloco tenta reforçar o papel para derrubar o regime de Bashar al-Assad na Síria e impedir o programa nuclear do Irã.

"É um prêmio realmente estranho, ainda mais neste momento de crise e controvérsia sobre as políticas econômicas e financeiras da União Europeia", opinou Mariano Aguirre, diretor do Centro de Paz NOREF, com sede em Oslo. "Mas internamente, ela tem sido um projeto de sucesso, que tem conseguido manter a paz entre seus membros com acordos econômicos, políticos, sociais, culturais e de segurança."

Diversidade de ganhadores
O Nobel é escolhido por um comitê norueguês de cinco membros, apontados pelo Parlamento da Noruega.

Geralmente, a tendência é optar pela diversidade dos ganhadores.

No ano passado, venceram o prêmio três mulheres ativistas: a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a militante Leymah Gbowee, também liberiana, e a jornalista e ativista iemenita Tawakkul Karman.

No ano retrasado, o ativista chinês pró-democracia Liu Xiaobo foi o ganhador.

Em 2009, o prêmio foi dado ao presidente dos EUA, Barack Obama, por conta de seus esforços em relação à questão nuclear.


 

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