Atendimento de urgência e emergência aos falcêmicos, capacitação de profissionais da atenção básica sobre a anemia falciforme, oferta de leitos para internação de pacientes, ampliação do teste do pezinho para detectar a patologia e da assistência farmacêutica para atender aos pacientes em crise. Estas foram as medidas aprovadas pelo Ministério da Saúde (MS), durante o 1º Encontro Nacional de Homens com Doença Falciforme, realizado nesta quinta-feira (4), em Alagoas.
A anemia falciforme deforma as hemácias, provocando a obstrução de veias e artérias.
Para efetivar as políticas de assistência aos falcêmicos, o Ministério da Saúde (MS) trabalhará em parceria com as unidades estaduais, responsáveis pelo diagnóstico e tratamento da doença.
A parceria já existe no Hemocentro de Alagoas (Hemoal), em Maceió, e no Hemocentro Regional de Arapiraca (Hemoar), em Arapiraca, onde 457 pacientes são atendidos regularmente.
De acordo com a coordenadora nacional da Política de Atenção Integral à Saúde das Pessoas com Doença Falciforme, Joyce Aragão, o Ministério da Saúde está trabalhando para qualificar, ainda mais, a assistência aos portadores da patologia, que atinge um em cada 100 mil brasileiros. “O propósito do Ministério da Saúde é melhorar e ampliar a assistência”, disse ela. “Para isso, decidimos ouvir os brasileiros que têm a doença, para construir democraticamente uma política que atenda às suas necessidades, como já está ocorrendo em Alagoas”, ressaltou.
Paralelamente à discussão para melhoria da Política de Atenção Integral à Saúde das Pessoas com Doença Falciforme, o Ministério da Saúde também trouxe especialistas para orientar os homens vítimas da doença. Entre os temas debatidos, destaque para as novas pesquisas que visam minimizar os efeitos nocivos da doença falciforme entre os homens. Também foram apresentadas dicas para a qualidade da vida sexual dos portadores da patologia, que afeta negros e afrodescendentes, em razão da forte miscigenação brasileira.
Essa realidade é vivenciada pelo estudante Alexandre Ferreira, 19 anos, de Ibateguara, que participou do evento, esclarecendo dúvidas sobre a doença, que mesmo não tendo cura, pode ser tratada, sem interferir na vida dos seus portadores. “Este encontro foi muito importante. Além de verificarmos que em Alagoas o tratamento é adequado, tivemos a oportunidade de reivindicar novas políticas junto ao Ministério da Saúde, além de conhecermos pessoas de todo o País que também têm o mesmo problema de saúde”, enfatizou, ao relembrar que sofreu preconceito quando criança, pois seus vizinhos imaginavam que ele era portador de hepatite, em razão da icterícia.
Diagnóstico
Presente ao 1º Encontro Nacional de Homens com Doença Falciforme, a diretora do Hemoal, Verônica Guedes, ressaltou que a realização do evento em Maceió foi um reconhecimento do Ministério da Saúde ao trabalho realizado em Alagoas.
“Atendemos com qualidade a todos os falcêmicos do Estado, atuando para que eles e suas famílias tenham qualidade de vida. A prova é que, além de um atendimento ambulatorial eficiente, ainda contamos com uma equipe multidisciplinar qualificada, atuando desde o diagnóstico, que é realizado através do exame eletroforese de hemoglobina ou exame de DNA e por meio do teste do pezinho”, informou.
Verônica Guedes informou também que a doença se manifesta nos filhos de casais que possuem o traço falciforme. Por esta razão, é indicado o aconselhamento genético antes do planejamento de filhos e a realização do teste do pezinho, realizado gratuitamente, antes de o bebê receber alta da maternidade.
A diretora do Hemoal ressaltou que entre os problemas ocasionados pela Doença Falciforme está o desencadeamento do AVC [Acidente Vascular Cerebral], além de crises dolorosas, infecções, febres, icterícia e úlceras. Ela destacou que, no caso dos homens com a patologia, pode ocorrer o priapismo, que representa uma ereção dolorosa e persistente do pênis, sem que haja desejo sexual nem excitação.