O dever de ser humilde

26/09/2012 10:40 - Welton Roberto
Por Redação

Havia acabado de absolver mais um cliente acusado de homicídio e me congratulava com a minha equipe e familiares do réu e com o próprio réu quando aquele estudante se aproximou e também me parabenizou pela defesa.

Confesso que vitórias nos deixam boas marcas e nos trazem a sensação do dever cumprido. Mas o estudante queria dizer mais do que só um simples parabéns, queria também tecer algumas críticas ao meu trabalho que, segundo ele, havia algumas falhas.

Infelizmente ele não me disse quais eram, mas parei para ouvi-lo e talvez tenha saído dali com alguma frustração em não ter podido ler seus apontamentos, pois na busca do aprimoramento sou incansável e desafiador.

No auge dos meus vinte e dois anos de profissão submeto-me ainda, e sempre assim o farei, a pequenos desafios cotidianos e  a grandes desafios pessoais de ser sempre testado e colocado à prova até o dia que não servir mais para a advocacia.

Aprendi na singeleza do meu cortiço em Osasco que a humildade é bem maior que qualquer conquista. É um dever.

E para a advocacia um verdadeiro sacerdócio o exercício da humildade.

Paro para ouvir todos, sempre. Nem que este seja o mais neófito estudante de direito que acabara de ingressar nos bancos acadêmicos. Acredito que o conhecimento se agrega por cumulação de saberes e não por dissipação de honorabilidades.

Esta experiência desta dia emocionante enriqueceu-se mais ainda quando logo após o júri corri para mais uma palestra sobre temas centrais da matéria criminal.

E tudo isso em um dia só.

No seminário mais um bom encontro com jovens aspirantes do novo mundo de conhecimento. E como sempre faço, não titubeio em sair da tribuna (ou púlpito como alguns gostam pomposamente de falar) e ir até onde o público está, para interagir, para fustigar, para provocar o bom debate, para instigar a reflexão, e sempre saio muito maior do que entrei, com a sensação do dever cumprido, mas com a certeza de que ainda tenho muito mais a aprender, na sempre irremediável busca da utópica perfeição, com a humildade de que saber mesmo, sei muito pouco, ou muito menos do que deveria.

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