O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avaliou nesta quarta-feira (12), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que a estimativa da inflação está se afastando do centro da meta deste ano, de 4,5%. De acordo com ele, no entanto, o movimento é uma "pequena reversão temporária" da trajetória em direção à meta de 4,5%.
Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a chamada "inflação oficial" ficou em 0,41%, a maior taxa para o mês em cinco anos. No acumulado no ano, o índice ficou em 3,18% – abaixo da taxa de 4,42% verificada em igual período do ano passado. Em 12 meses, porém, o IPCA acumula alta de 5,24% – superior à variação de 5,20% registrada nos 12 meses anteriores.
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012 e 2013, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. No ano passado, o IPCA, ao somar 6,5%, ficou no teto do sistema de meta.
O próprio Banco Central admitiu, na ata do Copom divulgada também na última semana, que sua projeção de inflação para 2012 subiu tanto no cenário de referência (juros estáveis em 8% ao ano e câmbio em R$ 2) quanto no cenário de mercado.
Em ambos os casos, a estimativa já estava acima do valor central de 4,5% da meta de inflação e subiu ainda mais. "Para 2013, entretanto, a projeção de inflação se manteve estável em ambos os cenários, nos dois casos, acima do valor central da meta", acrescentou. O mercado financeiro acredita que o IPCA ficará em 5,24% neste ano.
O BC já indicou, na ata do Copom, que o processo de corte de juros deverá ser menor, ou poderá ser até mesmo interrompido. Os juros básicos da economia vêm recuando sistematicamente desde agosto do ano passado. Atualmente, a taxa Selic está em 7,5% - na mínima histórica. O mercado financeiro ainda acredita em mais uma redução de 0,25 ponto percentual, para 7,25% ao ano, no próximo encontro do Copom, em outubro.
Alexandre Tombini, do BC, repetiu, durante audiência pública no Senado Federal, a avaliação de que o crescimento da economia brasileira se intensificará no quarto trimestre deste ano. Ele citou as expectativas do mercado financeiro de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deverá atingir 4,4% de expansão no último trimestre deste ano, frente aos três meses anteriores, e chegar aos 4% em 2013.
"O Brasil apresenta sólidos fundamentos macroeconômicos. Construiu algumas reseras de contenção ao longo do tempo, como as reservas internacionais [acima de US$ 370 bilhões] e os compulsórios [recursos dos bancos que têm de ser mantidos no BC]. Esse arcabouço de políticas permite ao Brasil transitar em segurança neste ambiente de incerteza global. O ritmo de atividade no Brasil será mais intenso neste semestre e no próximo ano. Há políticas que vão impactar o crescimento com defasagem. O crescimento deve se intensificar ao longo do ano e de 2013", declarou ele.